domingo, 7 de abril de 2013

O Romantismo e suas marcas

O ambiente de idealismo marcou toda a arte romântica

                                                    Landisvalth Lima

  Dois foram os fatos importantes que marcaram o Romantismo a nível mundial: A Revolução Industrial, na Inglaterra , e a Revolução Francesa. No Brasil , pode-se acrescentar a chegada da família real e as lutas pela independência.
Na segunda metade do século XVIII, surgiu, na Inglaterra, a burguesia industrial. O crescimento dessa classe fez com que surgisse uma outra: o operariado. Nasce, daí, a sociedade de classes.
Na França, a Revolução desencadeada em l789 destruiu o absolutismo, levando a burguesia ao poder. Os ideais revolucionários de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, na verdade, nunca saíram do papel. Eram mais idealização que prática, criando assim uma certa frustração na população .
A Revolução Industrial e a Revolução Francesa provocaram, pois:
- o fim do absolutismo na Europa;
- incentivaram a livre iniciativa, forjando o liberalismo político e o individualismo econômico;
- estimularam o nacionalismo;
- estimularam a geração moderna, urbano-industrial;
- contribuíram para o fim do trabalho artesanal.
No Brasil, os ideais da Revolução Francesa contaminaram nosso estudantes, poetas e pensadores. Entretanto, não se pode dizer que houve uma revolução já que foi o único país da América Latina a não adotar a República após sua independência, preferindo a monarquia.
O Romantismo, aqui, foi , verdadeiramente, nossa primeira escola literária. Cortamos relações de dependência com Portugal e criamos uma literatura independente, nacionalista e lusófoba. Por questões didáticas, l836 é o ano de nascimento do Romantismo no Brasil. A obra inaugural ,  Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, inicia nosso liberalismo literário. No mesmo ano, foi fundada em Paris a revista Niterói, porta-voz das idéias românticas. Quem participa da publicação? Gonçalves Dias, Araújo Porto-Alegre e Pereira da Silva.
 As marcas do Romantismo:
1 - Liberdade de criação - abolição de todos os tipos de formas poéticas preestabelecidas. O escritor estava livre para adotar o melhor padrão possível ao conteúdo da obra.
2 - Sentimentalismo (egocentrismo) - a obra resulta da imaginação, da fantasia, da idealização provocada pelo impulso da não aceitação do real.
3 - Supervalorização do amor - o amor é cultuado como o sentimento dos sentimentos, mas, quase que paralelamente, também é valorizado o sonho, a virgindade, a nostalgia, o saudosismo e a melancolia.
4 - Idealização da mulher, do herói e da paisagem -  é prática romântica adotar heróis grandiosos - históricos , marginais ou trágicos. A mulher é perfeita, exuberante, inatingível e bem distante da realidade. A paisagem não é natural, mas protetora, dócil, exuberante, poderosa e muda de acordo com o estado emocional do poeta.
O trágico e o misterioso marcam os românticos do ultrarromantismo
5 - Mal-do-Século - é uma coletânea de desprazeres: 1 - pessimismo em relação à vida, à sociedade e a si mesmo - 2 - prazer em sentir-se melancólico e sofrido - 3 - busca do isolamento e da solidão.
6 - Evasão - desiludido com a vida, o romântico pratica o escapismo, indo em busca de um tempo, de um espaço e de uma natureza  jamais perceptíveis no mundo real.
7 - Nacionalismo - a literatura romântica cantava o homem voltado para sua pátria. No Brasil, o nacionalismo  foi representado na figura do índio, do herói regional e no historicismo.
8 - Medievalismo - na Europa era representado na figura do cavaleiro medieval. No Brasil não tivemos tal figura, mas o nosso índio tem comportamento idêntico ao cavaleiro de As Cruzadas.
9 - Religiosidade - basicamente com a valorização do cristianismo e do misticismo.
10- Supervalorização da infância - para o romântico, criança é sinônimo de pureza, inocência, amor.
11- Supervalorização do Homem em Estado Selvagem - é a ideia rousseana de que o homem, desprovido dos vícios da civilização citadina, em seu estado natural, é um ser bom.
l2- Historicismo - indo em busca dos fatos históricos, num processo de idealização, os românticos tentavam glorificar Os heróis de um  dado acontecimento. Era uma forma de nacionalismo ufanista.
l3- Supervalorização do Herói -  é o processo de endeusamento do herói, mesmo aquele marginalizado.
14- Aceitação do Trágico - quanto mais lágrimas e sofrimento causar, melhor.
15- Aceitação do Mistério - é a exploração do inusitado, do místico.
l6- Destaque para a “cor local” - valorização de tudo o que é brasileiro. Está implícito no nacionalismo.
l7- Indianismo - afirmação do índio como herói nacional, por ser puro, nobre e nunca ter sido cooptado por outras culturas.
l8- Regionalismo - é a valorização do homem do interior ou de regiões fora do perímetro cultural urbano onde se desenvolve mais quantitativamente o processo artístico. É também uma forma de nacionalismo.
19- Lusofobia - é o desejo de libertar-se cultural e economicamente de Portugal. Exclusividade brasileira.