O ambiente de idealismo marcou toda a arte romântica |
Landisvalth Lima
Dois foram os fatos importantes que marcaram o
Romantismo a nível mundial: A Revolução Industrial, na Inglaterra , e a
Revolução Francesa. No Brasil , pode-se acrescentar a chegada da família real e
as lutas pela independência.
Na segunda metade do século XVIII, surgiu, na
Inglaterra, a burguesia industrial. O crescimento dessa classe fez com que
surgisse uma outra: o operariado. Nasce, daí, a sociedade de classes.
Na França, a Revolução desencadeada em l789
destruiu o absolutismo, levando a burguesia ao poder. Os ideais revolucionários
de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, na verdade, nunca saíram do papel. Eram
mais idealização que prática, criando assim uma certa frustração na população .
A Revolução Industrial e a Revolução Francesa
provocaram, pois:
- o
fim do absolutismo na Europa;
-
incentivaram a livre iniciativa, forjando o liberalismo político e o
individualismo econômico;
-
estimularam o nacionalismo;
-
estimularam a geração moderna, urbano-industrial;
-
contribuíram para o fim do trabalho artesanal.
No Brasil, os ideais da Revolução Francesa
contaminaram nosso estudantes, poetas e pensadores. Entretanto, não se pode
dizer que houve uma revolução já que foi o único país da América Latina a não
adotar a República após sua independência, preferindo a monarquia.
O Romantismo, aqui, foi , verdadeiramente, nossa primeira escola
literária. Cortamos relações de dependência com Portugal e criamos uma
literatura independente, nacionalista e lusófoba. Por questões didáticas, l836
é o ano de nascimento do Romantismo no Brasil. A obra inaugural , Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves
de Magalhães, inicia nosso liberalismo literário. No mesmo ano, foi fundada em
Paris a revista Niterói, porta-voz
das idéias românticas. Quem participa da publicação? Gonçalves Dias, Araújo
Porto-Alegre e Pereira da Silva.
As marcas do Romantismo:
1 -
Liberdade de criação - abolição
de todos os tipos de formas poéticas preestabelecidas. O escritor estava livre
para adotar o melhor padrão possível ao conteúdo da obra.
2 -
Sentimentalismo (egocentrismo) -
a obra resulta da imaginação, da fantasia, da idealização provocada pelo
impulso da não aceitação do real.
3 -
Supervalorização do amor - o amor
é cultuado como o sentimento dos sentimentos, mas, quase que paralelamente,
também é valorizado o sonho, a virgindade, a nostalgia, o saudosismo e a
melancolia.
4 -
Idealização da mulher, do herói e da paisagem - é prática romântica adotar
heróis grandiosos - históricos , marginais ou trágicos. A mulher é perfeita,
exuberante, inatingível e bem distante da realidade. A paisagem não é natural,
mas protetora, dócil, exuberante, poderosa e muda de acordo com o estado
emocional do poeta.
O trágico e o misterioso marcam os românticos do ultrarromantismo |
5 -
Mal-do-Século - é uma coletânea
de desprazeres: 1 - pessimismo em relação à vida, à sociedade e a si mesmo - 2
- prazer em sentir-se melancólico e sofrido - 3 - busca do isolamento e da
solidão.
6 -
Evasão - desiludido com a vida, o
romântico pratica o escapismo, indo em busca de um tempo, de um espaço e de
uma natureza jamais perceptíveis no mundo real.
7 -
Nacionalismo - a literatura
romântica cantava o homem voltado para sua pátria. No Brasil, o
nacionalismo foi representado na figura
do índio, do herói regional e no historicismo.
8 -
Medievalismo - na Europa era
representado na figura do cavaleiro medieval. No Brasil não tivemos tal figura,
mas o nosso índio tem comportamento idêntico ao cavaleiro de As Cruzadas.
9 -
Religiosidade - basicamente com a
valorização do cristianismo e do misticismo.
10-
Supervalorização da infância -
para o romântico, criança é sinônimo de pureza, inocência, amor.
11-
Supervalorização do Homem em
Estado Selvagem - é a ideia rousseana de que o homem, desprovido dos vícios da civilização
citadina, em seu estado natural, é um ser bom.
l2-
Historicismo - indo em busca dos
fatos históricos, num processo de idealização, os românticos tentavam
glorificar Os heróis de um dado
acontecimento. Era uma forma de nacionalismo ufanista.
l3-
Supervalorização do Herói - é o processo de endeusamento do herói, mesmo
aquele marginalizado.
14-
Aceitação do Trágico - quanto
mais lágrimas e sofrimento causar, melhor.
15-
Aceitação do Mistério - é a
exploração do inusitado, do místico.
l6-
Destaque para a “cor local” -
valorização de tudo o que é brasileiro. Está implícito no nacionalismo.
l7-
Indianismo - afirmação do índio
como herói nacional, por ser puro, nobre e nunca ter sido cooptado por outras
culturas.
l8-
Regionalismo - é a valorização do
homem do interior ou de regiões fora do perímetro cultural urbano onde se
desenvolve mais quantitativamente o processo artístico. É também uma forma de
nacionalismo.
19-
Lusofobia - é o desejo de
libertar-se cultural e economicamente de Portugal. Exclusividade brasileira.