segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A educação nas eleições presidenciais de 2014

                                                         Marcos José de Souza
Marcos José de Souza
Há 22(vinte e dois) anos militando na educação, tanto no ensino fundamental, quanto no médio, ambos na rede pública, não me recordo de ter visto o tema, de modo generalizado, ser tão discutido em um pleito eleitoral. Desta feita o “tema” educacional foi o da escola em tempo integral. Como afirmei, de modo generalizado, pois não sendo um tema “eleitoral”, as minúcias de tal assunto não chamaria a atenção do eleitorado, como sempre, na visão de quem fala, o candidato, a candidata. Daí os destaques serem destinados às áreas tradicionais, com assistencialismo, segurança publica, entre outros mais agressivos, como o combate ao tráfico e ao consumo de drogas.
Já tendo acumulado a experiência em algumas funções de comando na educação pública aqui na região, dentre eles o de Secretário Municipal de Educação de Fátima, sabemos o quanto carecemos de profissionais da educação, os professores e as professoras, principalmente. Diante dessa constatação experimentada, vemos o quanto é irresponsável ou ingênuo, falar em escola de tempo integral em um país onde a formação de professores é um problema discutido à exaustão pelas escolas formadoras, pela imprensa e até por outros setores sociais.
Sobre este assunto, destaco inicialmente o desserviço causado pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia, quando, no final do ano letivo de 2010, suspendeu as matrículas para o curso Normal Médio, isso depois que uma equipe de voluntários trabalhou durante cerca de 06(seis) meses reformular o currículo do curso, sendo o autor desse texto, um componente daquele grupo. Soube-se que a justificativa dada pelo secretário foi o de que os concursos exigiam, desde aquele ano, o nível superior e, assim, o normalista da rede estadual, em nível médio, não poderiam pleitear uma vaga.
Não sabia, não quis saber, ou não levou em consideração, o executivo da educação baiana, é que o novo currículo previa que o estudante do Normal Médio, teria acesso direto ao curso superior em Pedagogia, construindo, desse modo, um canal entre os níveis de ensino. Outro detalhe daquele desserviço foi o de que com a municipalização, muitos concursos realizados ali, nos municípios, ainda contemplavam os normalistas em nível médio. Por fim, destaco o desejo de muitas famílias desprovidas de ambições e sonhos “altos” que queriam ver seus filhos e filhas diplomados e diplomadas, mesmo que neste nível, o médio, sendo professores e professoras. Em cada comunidade, urbana ou rural, portar e honrar o título de professor ou professora é um motivo de orgulho para qualquer família.
Quando afirmo “honrar o titulo de professor/professora”, estou dizendo quando o/a jovem assume a função, sendo um agente de transformação e de inclusão social na comunidade onde vive.
Desse modo, o líder da pasta educacional baiana frustrou uma parte considerável da população baiana e agiu de encontro às novas exigências e desejos, o da educação em tempo integral. Afirmo que houve um contrassenso porque com a presença do estudante em maior numero de horas no espaço interno da escola, exigirá um quantitativo maio de profissionais da educação, em especial o docente.
Podemos dar como exemplo o que acontece atualmente com o programa MAIS EDUCAÇÃO, cuja característica principal é ampliar a oferta de atividades educacionais no Ensino Fundamental como, por exemplo, em turno oposto ao da matrícula do estudante, CAPOEIRA, INFORMÁTICA, TEATRO, ESPORTE, etc. O problema consiste exatamente na condução de tais atividades, as quais estão nas mãos de algumas pessoas não diplomadas, isto é, ações didático-pedagógicas que devem contribuir com o aprendizado das matérias regulares de ensino, vistas no turno de matrícula das crianças e adolescentes, bem como ocupar a demanda tirando-a das ruas ou do sedentarismo e da inércia de atividades cognitivas.
Isto posto recuperamos nossas inquietações iniciais, antes de “prometer” soluções milagrosas para a educação brasileira, os gestores devem expor situações e indicar alternativas, as quais não devem ser generalizadas, nem, muito menos, apresentar ideias antigas como se fossem novas, a educação em tempo integral – posta em prática por Anísio Teixeira, em uma iniciativa na cidade de Salvador, nos anos de 1940, por exemplo, sem atentar para a efetivação das novidades, onde faltam espaço apropriados e, o que é mais importante, pessoal qualificado. Mas, nesse detalhe, nos dirigimos ao senhor secretário de Educação do Estado Bahia que fez o desfavor de extinguir um curso de formação, sem ouvir os possíveis interessados, os profissionais atuantes, os pesquisadores da área, os trabalhadores organizados ou não, enfim, ouvir, antes de decidir.
Até a próxima, com mais um tema educacional, possivelmente nossas práticas e nossas ideias.

Novembro de 2014, pós chuvas torrenciais que deixaram algumas marcas.
O texto não foi revisado pelo autor.