sábado, 15 de outubro de 2016

Morre Antônio Carlos Viana

Antonio Carlos Viana tinha 72 anos (foto:Cia das Letras)
Um dos mais representativos escritores da atualidade morreu na manhã deste sábado (15), em um hospital de Aracaju. Trata-se do também professor Antônio Carlos Viana, 72 anos. Ele lutava contra um câncer tipo mieloma, que atinge a medula. Antônio Carlos Mangueira Viana era professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe e autor de vários livros de contos.
Viana nasce em Aracaju, em 1944. Formou-se na faculdade de Filosofia na sua cidade natal. Transferiu-se para o Rio de Janeiro para tentar a carreira diplomática, sem sucesso. Passou pela Psicologia e acabou ensinando Português, Literatura e Redação. Foi depois para Teresópolis. Lá, para complementar o necessário à sobrevivência, vendia cachorro-quente na porta do INPS. Seus escritos, quase sempre contos, nunca eram editados. Chegou a sobreviver fazendo traduções. Sempre estudando, fez mestrado em Teoria Literária, na PUC-RS e doutoramento em Literatura Comparada pela Universidade de Nice, na França.
Foi professor da UFS. Lá coordenou a Oficina de Redação do Departamento de Letras. Desse último trabalho nasce o livro Roteiro de Redação: Lendo e argumentando, da Scipione (participam ainda as professoras Ana Maria Macedo Valença, Denise Porto Cardoso e Sônia Maria Machado). Coleciona ainda quatro importantes títulos: vencedor do Prêmio Esso de Literatura – 1971 e do II Concurso Nacional de Literatura – 1992, promovido pela Prefeitura Municipal de Garibaldi – RS, e dois prêmios pela APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, o primeiro prêmio em 2009, com o livro "cine privê". No ano passado, mais um prêmio da Associação Paulista, com o livro "jeito de matar lagartas".
Ao todo, Antônio Carlos Viana publicou 7 coletâneas de contos. Brincar de manja (Cátedra – 1974), Em pleno castigo (Hucitec - 1981), O meio do mundo (Libra & Libra – 1993) e O meio do mundo e outros contos (Companhia Das Letras – 1999).  Viana também participou de uma antologia de Os melhores contos brasileiros de 1974, em 1975, e da coletânea Os cem melhores contos brasileiros do século (Objetiva – 2000), seleção de Ítalo Moriconi. Segundo Paulo Henriques Brito, no prefácio de O meio do mundo e outros contos, os livros de Viana são magros mas substanciais para revelá-lo como um mestre do conto moderno. Sua ficção criou um mundo desconcertante e inconfundível. Os últimos três títulos publicados por Viana foram: Aberto está o inferno (2004), Cine Prive (2009), e Jeito de matar lagartas (2015). 
O corpo do escritor será velado a partir das 14h na Biblioteca Epifânio Dórea, localizada na rua Vila Cristina, no Bairro 13 de Julho. Em seguida, será cremado na cidade de Salvador, Estado da Bahia.  Em abril de 2015, Viana concedeu entrevista ao G1 de Sergipe sobre sua carreira e sobre o lançamento do seu último livro. Para ver a entrevista completa, dê um clique AQUI.