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sábado, 16 de maio de 2015

A última temporada de shows do Buena Vista Social Club no Brasil

"Cuba se abre ao mundo como sempre deveria ter sido", afirma Jésus “Aguaje” Ramos, o maestro da Orquestra Buena Vista Social Club, que inicia turnê pelo Brasil
A nova formação do grupo faz shows de despedida (foto:divulgação)
Desde quinta-feira (14/5), partiu de Porto Alegre um ônibus que irá percorrer milhares de quilômetros pelo país. Dentro dele, está acomodada parte expressiva da excelência da música cubana, alguns dos músicos mais festejados da ilha, em romaria com sua última aventura pelo mundo (na qual passam agora por quatro cidades brasileiras). São as estrelas da Orquestra Buena Vista Social Club, rodando o mundo como a excursão Adiós Tour.
Ao longo dessas duas décadas, a orquestra perdeu seis de seus expoentes: Compay Segundo (1907-2003), Ibrahim Ferrer (1927-2005), Rubén González (1919-2003), Manuel “Puntilita” Licea (1921-2000), Orlando “Cachaito” López (1933-2009), Pío Levya (1917-2006).
Eles chegam ao fim da estrada com os outros fora de série do esquadrão: a cantora Omara Portuondo (85 anos), o violonista Eliades Ochoa (69 anos), o trompetista Manuel “Guajiro” Mirabal (82 anos), o alaudista Barbarito Torres (59 anos) e o trombonista, maestro, arranjador e mestre de cerimônias da trupe, Jésus “Aguaje” Ramos (64 anos). E há entre eles “novatos” extraordinários, como o pianista Rolando Luna e o baixista Pedro Pablo.
Há quase 20 anos, em 1996, eles saíram do isolamento cultural que a situação política de Cuba e do mundo lhes impôs durante meio século, e se tornaram ídolos planetários como personagens de si mesmos no premiado documentário “Buena Vista Social Club”, de Wim Wenders. Começaram então a percorrer o mundo. No próximo ano, quando a Adiós Tour chegar por último à terra natal dos músicos, Cuba, eles encerram o ciclo – e tudo será concluído também com um novo filme, que está sendo rodado pela cineasta Lucy Walker.
Ontem pela manhã, de um quarto do hotel Radisson, em Porto Alegre, o gigante Jésus “Aguaje” Ramos (mestre de cerimônias da trupe desde o início) falou por telefone ao blog El Pájaro que Come Piedra sobre a última turnê:
JB: Esse é mesmo o derradeiro adeus?
Jésus “Aguaje” Ramos: Fizemos uma quantidade muito grande de turnês, ficamos muitos anos na estrada. Achamos que estava na hora de parar.
JB: Quantos shows vocês fizeram nesses 20 anos?
JAR: Incontáveis. Teve um momento em que fazíamos mais de 100 shows por ano. O maior público que tivemos foi justamente no início, no Carnegie Hall, e no Royal Albert Hall de Londres. Aquele foi um público muito interessante, porque tudo era novidade para ele. Fizemos shows em todos os 5 continentes, alguns memoráveis, como o concerto em Jerusalém. Foi muito bonito, aquele lugar sagrado, as pessoas cantando todos os clássicos.
JB: E agora Cuba está vivendo um novo momento, está sendo cortejada pelo presidente americano, Obama, pelo presidente francês, Hollande, e até pelo papa.
JAR: Cuba se abre ao mundo como sempre deveria ter sido. Isso já deveria ter acontecido há muito tempo. Sempre que se abre uma porta, se abrem também as possibilidades, e há agora chance para todos, para os jovens e os mais velhos.
JB: Vocês tiveram dificuldades para entrar nos Estados Unidos no início. Como foi nos últimos anos?
JAR: Fomos mais aos Estados Unidos do que a muitas províncias de Cuba. Nossa abertura pela via das Nações Unidas nos propiciou muitas apresentações, sempre com uma recepção muito boa, muito calorosa. Não tenho familiares nos Estados Unidos, mas tenho grandes amigos em todo lugar, em Miami, em Los Angeles, em Nova York. Hoje são como irmãos, trabalhamos juntos durante muitos anos.
JB: De todas as formações do Buena Vista, certamente a melhor de todas foi a primeira, não?
JAR: A primeira foi a mais sábia de todas. Tivemos Rubén González, tivemos Cachaíto, Compay. Todos dominavam a música, dominavam todos os ritmos, foram os que abriram caminhos. Por isso, é a mais importante.
JB: E no Brasil, como foi a acolhida?
JAR: O Brasil foi especial, porque é um lugar no qual a música é muito forte e muito influente em tudo que se faz no mundo. E o público aqui, que tinha a bossa nova, nos recebeu igual, com a mesma atenção e reverência, mesmo sendo uma potência da música. O Brasil nos deu muito. Dessa vez, vamos percorrer o País de ônibus, para conhecer as praias e falar com as pessoas. Omara está encantada e feliz com tudo. Somos como uma grande família.
JB: E agora está sendo filmado um novo documentário sobre o Buena Vista. Como vai ser?
JAR: Ainda vai começar a ser rodado. Para a gente, é o fechamento, é algo que vai ficar como uma recordação de nossa aventura.
JB: Houve muitos momentos emocionantes na vida artística do Buena Vista. Eu me lembro de você retirando o Rubén González da cadeira de rodas e levando nos braços até o piano.
JAR: (Risos) Sim, eu sempre o levava até o piano. Ele já não podia andar. Foram muitos anos com Rubén, ele foi um dos maiores músicos que Cuba já teve. Era curioso, porque parecia que ele não chegaria até o piano nunca, mas quando sentava no banquinho não queria parar nunca mais. Hahahahahahahahaha.
JB: Você é trombonista, Aguaje. Quem foi sua maior influência?
JAR: Tive o prazer de trabalhar e tocar com aquele que me influenciou: Generoso Jiménez, o maior de todos, arranjador de Benny Moré.
Reproduzida do portal da revista Carta Capital.

sábado, 11 de abril de 2015

As safadezas do imperador

Dom Pedro I
Baseado em correspondência pouco conhecida, historiador português mostra que a vida sexual e afetiva de Dom Pedro I foi mais intensa, descontrolada e comprometedora do que se acreditava
Ana Weiss – da revista ISTOÉ
"Um dos últimos pedidos de D. Pedro I foi que depositassem seu coração em uma igreja da cidade do Porto. No livro “1822”, o jornalista Laurentino Gomes conta que, “por um curioso fenômeno fotoquímico”, até hoje, quase dois séculos depois da sua morte, o órgão do monarca não para de crescer. A mais nova biografia sobre o primeiro imperador do Brasil também trata do tamanho do coração do personagem e de tudo (e de todas as mulheres) que passaram por ele. “
Essas páginas procuram invadir a privacidade de D. Pedro.
VIDA DUPLA
D. Leopoldina (acima) e Domitila (ao lado)
deitaram na cama de D. Pedro I e
geraram filhos seus ao mesmo tempo.
Os herdeiros legítimos e bastardos
passaram parte da infância brincando
no quintal imperial
Deixou-se de lado o político, o administrador, o militar”, escreve o historiador português Eugénio dos Santos. “Pretendeu-se desvendar o homem, às vezes de um modo cruel, fornecendo ao leitor intimidades e gritos de alma que somente os íntimos deveriam conhecer”, continua o professor catedrático aposentado no livro “D. Pedro – Imperador do Brasil e rei de Portugal”, lançado aqui pela Alameda Editorial.
Santos – autor de parte da bibliografia usada por Laurentino Gomes, a propósito – faz o percurso didático, do nascimento à morte, dedicando a maior parte dos capítulos às aventuras sexuais e atribulações afetivas do jovem monarca e aos desdobramentos de suas investidas na vida política do Brasil e de Portugal. Para ir além de tudo que já se disse a respeito, o historiador se apoiou em cartas dos protagonistas e de coadjuvantes que conviveram com a corte portuguesa instalada no Brasil. Algumas passagens caberiam nas mais desconsideradas revistas de fofoca, não fosse o linguajar da época preservado por exigência da Cátedra Jaime Cortesão, órgão da Universidade de São Paulo ligado ao Instituto Camões de Portugal, que co-editou o volume. Cruzando anotações como as da inglesa Maria Graham, melhor amiga da princesa Leopoldina, com os registros da época, ele conta com muito mais detalhes como começou e acabou o romance do primogênito de Dom João VI com uma dançarina francesa, caso que quase levou por água abaixo a aliança com a Áustria que representaria o casamento com a futura imperatriz Leopoldina. Apaixonado, o intempestivo príncipe levou a amante francesa para viver com ele e passou a chamá-la de esposa. Pela narrativa ficamos sabendo que foi necessária a intervenção direta de Carlota Joaquina, que ignorava o filho mais velho, a não ser em situações que o varão punha em risco suas articulações políticas. A rainha teria tratado diretamente com Noémie Thierry, a dançarina que deixou o palácio de São Cristóvão com uma boa quantidade de dinheiro e um bastardo no ventre. Chegando no Recife, ainda segundo as cartas de Maria Graham, a Noémie teria dado à luz um natimorto.
Enquanto Leopoldina, a princesa que a família lhe jurava ser uma linda moça de olhos azuis, não desembarcava em porto brasileiro, o herdeiro do trono ainda pode se relacionar com a irmã da namorada francesa. Mas Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena por fim não atendia aos critérios estéticos de Pedro, que por muitos anos perambulou pelo reino em busca do que parece ter sido o seu principal alimento em vida, o amor erótico. Até o dia em que conheceu a paulista Domitila de Castro Canto e Melo, filha de militar que deixara o marido que a agredia.
Começava aí o “mais escabroso capítulo da vida amorosa do primeiro imperador do Brasil”, como em mais de um livro de História é definido o caso com Domitila, que entrou para a história como a Marquesa de Santos. Titília, maneira com que D. Pedro se referia à amante nas cartas quase obscenas reproduzidas na biografia, se tornou durante a década que dormiu com o monarca, uma das mulheres mais poderosas, temidas e malfaladas do Brasil.

A grande ironia aqui é que o romance tórrido só se tornou possível durante o casamento com Leopoldina, que, humilhada com as provas públicas de amor do marido pela amásia, tornou-se uma mulher deprimida que não escondia a infelicidade. Leopoldina morreu cedo e os austríacos nunca perdoaram o regente português pela vida a que ele submeteu sua princesa. Mas então, D. Pedro, mergulhado numa crise política de um país dividido entre nativistas brasileiros e liberais portugueses, precisava de uma nova mulher, outra de sangue azul, para governar ao seu lado. A fama de mulherengo não ajudou. Para casar com a princesa Amélia, teve de tirar a Marquesa de Santos e sua prole de casa, que a amante não facilitou. A forma com que o autor organiza os fatos leva concluir que o périplo do regente em busca de uma nova mulher, tão dificultado pela exposição de seus hábitos, o fragilizou ainda mais diante de cenário político que já não era favorável, acelerando a abdicação. Por fim, seus restos mortais foram depositados ao lado da primeira esposa, a Leopoldina. Mas como em vida, ele quis que seu coração repousasse em outro lugar.

Semana de Arte Moderna

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Educação de tempo integral, pacto para o fortalecimento do ensino médio, reforma curricular para o ensino médio: temas ricos, pouco trabalhados. Mas há uma luz acesa!!!!

             Marcos José de Souza
Prof. Marcos José de Souza
Há tempo, principalmente nos últimos 05(cinco) anos viemos acompanhando, de modo indireto, isto é, sem adentrar no debate, várias inferências sobre o ensino médio, dentre eles, o ENEM, a demanda – jovem trabalhador, não-trabalhador, das pequenas, medias e grandes cidades, da zonas centrais e periféricas, da zona urbana e da zona rural, da rede pública e da rede privada – o currículo – educação de tempo integral e o que estudar e como estudar.
É a partir deste ultimo aspecto – o que e como estudar no ensino médio, o currículo - que declinaremos neste momento, que deveria ter saído em janeiro, conforme tarefa auto-imposta, a saber, um texto sobre educação a cada 30(trinta) dias, ao menos, durante o ano de 2015, tendo seu início sequencial em dezembro de 2014.
Estando no Ensino Médio desde o ano de 1997 e exclusivamente nele desde 2001, sempre nos inquietamos com o comportamento dos estudantes, jovens, na sua quase totalidade, na faixa etária dos 15 aos 17 anos, portanto, uma fase da vida de início de consolidação dos mais variados conceitos, morais, sócias, intelectuais, políticos, desse modo, gente que pensa e tem opinião, por mais que nós professores e professoras, entendamos que são SOMENTE adolescentes e jovens. Foi a partir desse itinerário de confrontação – mundo adulto, diplomado e mundo juvenil sempre ansioso por mudanças – que viemos construindo um novo olhar sobre o que e como ensinar no ensino médio: a proposta de um currículo por temas, isto é, no lugar das disciplinas, teríamos cursos variados, tendo por base o conteúdo daquelas matérias de ensino e os conhecimentos obrigatórios para este nível de ensino, traduzidos na legislação por competências e habilidades.
Incidente em Antares, Globo.
Para ilustrar essa ideia passo a expor uma leitura que fiz do livro Incidente em Antares, de Érico Veríssimo, publicado em 1995, pela editora Globo, São Paulo. O exemplar que li está na 45ª edição. O livro trata, sinteticamente falando, da “aventura” de 07(sete) cadáveres que decidem protestar contra o atraso nos próprios sepultamentos. Esse atraso dá-se por conta da luta dos trabalhadores da cidade de Antares, cidade onde ocorrem as ações da narrativa. 
O início da saga
Escolhi o capítulo LXXVI para trazer à tona algumas possibilidades do que denominei de estudo por temas, no lugar das convencionais disciplinas. Após essa exposição, delinearei outra atividade, esta já aplicada na escola onde trabalhamos, bem como minha sugestão de alteração curricular, esta ideia foi indicada no plano de ação, que pode ser total ou parcial no ano letivo.
Por ora vamos ao trecho do livro aludido acima:
O diálogo “invocado” por dona Valentina(esposa do juiz Dr. Quintiliano do Vale) apresenta os sinais de liberdade feminina, quando: ela acende um cigarro na presença do marido, que sabe do vício, mas não permite ação na presença dele; o ato de “modificar”  o acontecimento – a ressurreição dos sete antarenses – em um conto de fadas (sobre essa iniciativa de dona Valentina o narrador não nos diz nada sobre como ela fez a mudança de um fato real – na narrativa, mas surreal para os leitores) e, por fim, quando surpreende o marido dizendo que ela não é uma dama, conforme a justiça entende, ao tempo em que convida-o para se despirem das máscaras usadas cotidianamente e assim falarem a verdade, um para o outro, como dois seres humanos normais.
Destaco ainda o conceito que ela dá para Justiça, a área de trabalho do marido, chamando de janela que abre e fecha de acordo com as conveniências do transcurso de um assunto ou episódio real. Isto é, se ele, o juiz, concorda, a janela do diálogo é aberta, se ele discorda, a janela é fechada.
A edição usada pelo autor do artigo
O idioma francês como símbolo de intelectualidade e de modernidade ou ainda de elitismo, mesmo já perdendo espaço para o idioma inglês, é outro elemento informativo que o romance revela, significando, sociológica e politicamente, o poder político-ideológico que eles, os idiomas estrangeiros e de potências econômicas e militares, exercem em um país “sem comando”, ou até mesmo subserviente a essas nações.
O trecho a seguir traz uma visão panorâmica da obra, sem deixar de sugerir um posicionamento do autor desse texto:
O romance é um manifesto à liberdade, uma denúncia sobre os modos de ocupação de terras devolutas – e do modo como nasceram muitos latifundiários no Brasil – e à formação de muitas famílias tradicionais que ocuparam e ainda ocupam o poder econômico e politico em terras brasilianas, ao tempo em exibe também o cotidiano desses núcleos sociais.
O livro é volumoso, mas nem por isso, cansativo. Apresenta diálogos e narrativas irônicas, bem ao gosto do jovem e do adolescente, carregados de humor e de muita informação. É uma obra literária completa: DIVERTE, ENREDA, INFORMA. É um texto necessário ao estudante do ensino médio, aos curiosos, às curiosas, a quem se dedica a conhecer a sociedade brasileira, mesmo tendo sido o Rio Grande do Sul, usado como palco por um dos mestres dos pampas gaúchos, o grande Érico Veríssimo.
Érico Veríssimo
O curso no ensino médio, tendo por base o livro INCIDENTE EM ANTARES, como pude relatar nesse pequeno texto, traz elementos da arte literária, história, política, geografia, religião, biologia, química, tendo a língua portuguesa como idioma em que foi escrito, entre outras disciplinas que os profissionais da educação possam enxergar. De posse do livro, a leitura cotidiana e extra-classe  será o objeto principal de estudo e o total de horas destinado ao curso, deve ser definido ainda na preparação do ano letivo e, em conjunto com outros temas de cursos, o horário da turma/classe será preenchido observando-se as determinações, critérios, princípios, carga horária e outros que a legislação estabelece.
Outros temas para cursos já foram expostos onde trabalho como, por exemplo, O FUNCIONAMENTO DA CASA DE FARINHA, O BIOMA CAATINGA, AS FESTAS POPULARES, entre outros, cujo desenvolvimento contempla os conhecimentos estabelecidos por lei.
Como afirmei anteriormente nesse texto, uma proposta de ensino por temas foi sugerida em nossa preparação do ano letivo o qual passo a delinear a seguir em duas possibilidades:
A primeira é a de inclusão paulatinamente e consecutiva, isto é, neste ano de 2015 os novos estudantes teriam à sua disposição os cursos temáticos para sua livre matrícula. Porém, em caso de excesso de solicitações para determinado curso, o professor/a professora responsável fará uma seleção e, assim, teria o seu quantitativo máximo de estudantes matriculados. Em 2016 e 2017, teremos, assim as turmas de 1ª e de 2ª série em novo formato. Observando o detalhe que os jovens não estariam vinculados à sua classe de origem, pois eles estarão livres para matricularem-se em cursos diferentes, assim um rapaz de 17 anos, em 2017, poderá fazer um curso, por exemplo, Na Trilha d’Os sertões, com um alguém que esteja recém-saindo do Ensino Fundamental, com 15 anos de idade.
Para formar a quantidade de horas letivas, os estudantes serão matriculados em outros cujas vagas existem a fim de garantir a carga-horária mínima tanto do ano letivo, quanto do nível de ensino.
Entendo que desse modo o estudante terá mais prazer em estudar, pois  não teria o desconforto de ler um romance, calcular o valor de seno, tangente, as guerras púnicas, etc, etc, etc, isto é, temas inerentes às disciplinas que compõem o quadro curricular do ensino médio.
A segunda possibilidade é a da oferta concomitante, isto é, os estudantes fariam a sua opção no 1º ano de ingresso no ensino médio: ingressar nos cursos temáticos ou na 1ª série por disciplinas. Não uso propositalmente para esta segunda opção o termo “regular” por entender que sendo aceito o ensino do currículo por temas, este também passa a ser regular. Um detalhe importante: não pode haver mudança de matrícula em meio ao percurso, uma vez matriculado em uma das opções, deverá o estudante ir até o final dela, pois a diferença de nomenclatura e a quantidade entre si, será muito grande.
Por fim descrevo em linhas gerais o que denominei de CINEMA NA ESCOLA. Trata-se de uma semana de aula que consiste em exibir o mesmo filme em todas as salas de aula, ao mesmo tempo. São 05(cinco) filmes para a semana, denominada de SEMANA TEMÁTICA, um filme para cada dia. As primeiras sequências foram escolhidas pelos professores, ainda no ano de 2009, as demais foram indicadas pelos estudantes, sempre abordando o mesmo tema e tendo o cinema nacional como lugar de destaque, isto é, a maioria deles é de filmes brasileiros.
Como um dia de aula qualquer, o sinal é acionado e todos os estudantes se dirigem para as suas salas. Há um pequeno intervalo durante a exibição e ao final dele, a merenda é fornecida. Após a degustação, todos e todas voltam para a classe e o debate sobre o filme é iniciado. A critério do professor/da professora, alguma atividade é solicitada após o debate ou até mesmo, alguma pergunta, sobre qualquer um dos filmes é solicitada em prova escrita, independentemente da disciplina.
Após esse itinerário espero ter contribuído para a reflexão e o debate deste nível de ensino há tempos carente de profundas mudanças, em particular, no atendimento aos seus principais atores, os estudantes, no que diz respeito ao ouvir o que eles e elas querem vivenciar, ouvir, falar, conflitar, produzir, socializar, aprender...
Em dia de chuva com muito calor abafado, nuvens carregadas e a perspectiva de muita chuva para o sertão mocoense (ou seria montealvernense?)

 Fátima, 24 de fevereiro de 2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Um Vecinho só: quatro anos de saudade!

Com colaboração de vários segmentos, Vecinho recebe mais uma homenagem em Heliópolis.
Foi madrugada de uma quinta-feira, no dia 3 de fevereiro de 2011, a caminho do hospital Jorge Valente, depois de não ser acolhido no hospital São Rafael, que parou o coração do compositor, instrumentista e cantor Helvéco Pereira de Santana, popularmente conhecido pelo apelido carinhoso de Vecinho. Não apenas a sua esposa Cyntia Brito chorou sua perda. Familiares, parentes e amigos, uma legião de amigos, até hoje, inconformados com o destino, tentam ecoar o canto do heliopolitano que viveu apenas 62 anos. Todos os anos, na avenida Sete de Setembro, em Heliópolis, sob a coordenação de Paulinho Jequié e Silvano Pereira, seu irmão, cantores e compositores de todo o Nordeste, fazem tributo a Vecinho. O evento, intitulado Um Vecinho Só, este ano recebeu um subtítulo – Quatro Anos de Saudade. A homenagem a Helvécio Santana teve início por volta das 21 horas deste sábado (7) e varou a madrugada domingo afora.
Paulinho Jequié, Silvano Pereira, Érica Sá, Sinval, Giló, Tato Lemos, Lucas, Vando Reis, Zé Costa e tantos outros artistas cantaram sucessos do homenageado, cada vez mais na boca do povo. Caravanas de Fátima, Poço Verde-Se, Ribeira do Pombal, Cícero Dantas, Salvador marcaram presenças e ajudaram os músicos e manter viva a chama da poesia musical de um dos maiores artistas da nossa região. Um Vecinho Só já faz parte do calendário cultural e festivo do município de Heliópolis, mas é preciso oficializá-lo para que seja patrimônio público e não apenas a reunião de esforços dos seguidores de Helvécio Pereira de Santana.
Veja a seguir fotos do encontro, registro do jornalista Jorge Souza (clique nas fotos para ampliá-las).

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um retrato da cultura de Heliópolis

       No vídeo acima, alunos do 3º ano A do Colégio Estadual José Dantas de Souza - CEJDS - fazem uma abordagem da vivência cultural de Heliópolis. Relatos de artistas, incentivadores e produtores permitem mapear o grau de comprometimento da população com a sua produção cultural. Esta produção faz parte do conteúdo programático e é uma das avaliações da disciplina Redação e Expressão, ministrada pelo professor Landisvalth Lima, e foi formatada durante o ano de 2014.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Nasce O Epitáfio, de Natã Santana

                         Landisvalth Lima
O neo escritor Natã Santana (foto: Facebook)
Em situações normais, devemos vibrar e louvar aos céus o nascimento de algo bom: uma criança, a descoberta de um novo antibiótico, o surgimento de uma nova vacina, a queda de uma ditadura, o recebimento de um prêmio internacional por um brasileiro, ou latino ou ser humano...Bom, não preciso aqui me alongar. Todos sabemos o que é uma coisa boa porque somos todos os dias surpreendidos por senões que insistem em atormentar os poucos anos de vida que possamos viver. E foi em meio ao aprofundamento das investigações de corrupção na nossa Petrobrás, ao surgimento de novos nomes envolvidos na lambança festiva com o dinheiro do nosso povo e, sem citar aqui as centenas de notícias ruins, ainda chocado com o massacre promovido ao Charlie Habdo, curo-me da maldade do mundo com uma leitura surpreendente do romance O epitáfio, do meu já ex-aluno Natã Santana. O ano de 2015 está salvo! Poderei suportá-lo porque nasce um escritor numa terra onde o ato de ler é visto como quase missão impossível!
Já sabia do talento de Natã Santana, de suas possibilidades. Reconheço, porém, que um dos meus melhores alunos de redação foi muito além ao ultrapassar o comum e mergulhar no criativo, rompendo as barreiras da bestialidade e da mesmice. Não! Não pensem que estou aqui a dizer que temos um novo Machado de Assis. Até mesmo o autor de Dom Casmurro não nasceu Machado de Assis. Todo início é recheado de buracos e, inevitavelmente, os escritores nascentes vivem caindo neles. Natã vai cair em vários buracos até o dia que encontrar sua estrada plana e suave. Sua leitura nos levará pela estrada da vida, como lenitivo, até que apareça a placa com a metáfora usada por um outro aluno, este de Poço Verde, Marcos Deyvidson: Game over!
Não quero aqui fazer um resumo do livro e distanciar os futuros leitores. Sim, espero que seja publicado. Vou ver se ele deseja enviar para o Clube dos Autores, selo Coqueiro Verde. O romance já começa a chamar atenção pelo título: O Epitáfio. Todos sabem que é a inscrição que usamos nas lápides dos túmulos. Deveria ser assim o epitáfio de Gregório de Matos: “Aqui jaz o Boca do Inferno!”. Já pensou o que escreveríamos no túmulo de Mário Quintana: “Aqui jaz um passarinho!”, ou de Fernando Sabino: “Nasceu homem e morreu menino!”, ou de Álvares de Azevedo: “Foi poeta, sonhou e amou na vida!” ou no túmulo dos maus: “Agradecemos penhoradamente ao vírus ou à bactéria, amém!”.
Tem também a música dos Titãs: Epitáfio. Representa as atitudes que uma pessoa que já morreu gostaria de ter mudado se ainda tivesse a possibilidade de viver novamente: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer”. Aqui vale para todos os que complicam a vida sua e dos outros. Mas não é nada disso que ocorre. Os epitáfios são, na verdade, mentiras ou meias verdades. Eu sei que ninguém é tão ruim que não possa ter qualidades, mas o cemitério, segundo Machado de Assis, é o local onde há a maior quantidade de mentiras da humanidade. Pior é saber que há muitos que morrem e não têm direito a sequer uma cruz, imaginem epitáfio!  
Mas não se enganem pelo título. Natã Santana faz um romance cheio de mobilidade. Há sim uma história central em torno do personagem Luciano Tavares, mas cada capítulo tem ação e resolução. Mal comparando, trata-se da união de um filme dramático com uma narrativa de crítica a costumes, recheado de uma trama policial, sem que o protagonista seja um detetive ou policial. É também uma história de amor, traição e vingança. Imaginem um homem ser rejeitado por uma mulher ou uma mulher ser rejeitada por um homem. E o ódio de ambos! Agora completem o pensamento com um homem sendo rejeitado por outro homem. Vinganças e chifres moderníssimos! E o melhor, o livro está bem escrito num cenário mineiríssimo, com um narrador desprovido de preconceitos. Natã Santana já faz parte do mundo dos escritores. Agora é subir a rampa. Chegar lá no topo vai depender da insistência, da sorte e das oportunidades. O principal ele já tem: talento!