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sábado, 31 de março de 2012

Cerca de 75% dos brasileiros jamais pisaram em uma biblioteca


Pesquisa do Instituto Pró-Livro mostra que 71% da população têm fácil acesso a uma biblioteca
Edison Veiga e Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
O desempregado gaúcho Rodrigo Soares tem 31 anos e nunca foi a uma biblioteca. Na tarde desta terça-feira, ele lia uma revista na porta da Biblioteca São Paulo, zona norte da cidade. "A correria acaba nos forçando a esquecer essas coisas." E Soares não está sozinho. Cerca de 75% da população brasileira jamais pisou numa biblioteca - apesar de quase o mesmo porcentual (71%) afirmar saber da existência de uma biblioteca pública em sua cidade e ter fácil acesso a ela.
Vão à biblioteca frequentemente apenas 8% dos brasileiros, enquanto 17% o fazem de vez em quando. Além disso, o uso frequente desse espaço caiu de 11% para 7% entre 2007 e 2011. A maioria (55%) dos frequentadores é do sexo masculino.
Os dados fazem parte da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro (IPL), o mais completo estudo sobre comportamento leitor. O Estado teve acesso com exclusividade a parte do levantamento, cuja íntegra será divulgada nesta quarta-feira em Brasília.
Para a presidente do IPL, Karine Pansa, os dados colhidos pelo Ibope Inteligência mostram que o desafio, em geral, não é mais possibilitar o acesso ao equipamento, mas fazer com que as pessoas o utilizem. "O maior desafio é transformar as bibliotecas em locais agradáveis, onde as pessoas gostam de estar, com prazer. Não só para estudar."
A preocupação de Karine faz todo sentido quando se joga uma luz sobre os dados. Ao serem questionados sobre o que a biblioteca representa, 71% dos participantes responderam que o local é "para estudar". Em segundo lugar aparece "um lugar para pesquisa", seguido de "lugar para estudantes". Só 16% disseram que a biblioteca existe "para emprestar livros de literatura". "Um lugar para lazer" aparece com 12% de respostas.
Perfil. A maioria das pessoas que frequentam uma biblioteca está na vida escolar - 64% dos entrevistados usam bibliotecas de escolas ou faculdades. Dados sobre a faixa etária (mais informações nesta página) mostram que, em geral, as pessoas as utilizam nessa fase e vão abandonando esse costume ao longo da vida.
A gestora ambiental Andrea Marin, de 39 anos, gosta de livros e lê com frequência. Mas não vai a uma biblioteca desde que saiu dos bancos escolares. "A imagem que tenho é de que se trata de um lugar de pesquisa. E para pesquisar eu sempre recorro à internet", disse Andrea.
Enquanto folheava uma obra na Livraria Cultura do Shopping Bourbon, na Pompeia, zona oeste, diz que prefere as livrarias. Interessada em moda, ela procurava livros que pudessem ajudá-la com o assunto. "Nem pensei em procurar uma biblioteca. Nas livrarias há muita coisa, café, facilidades. E a biblioteca, onde ela está?", questiona. Dez minutos depois, passa no caixa e paga R$ 150 por dois livros.
O estudante universitário Eduardo Vieira, de 23 anos, também não se lembra da última vez que foi a uma biblioteca. "Moro em Diadema e lá tem muita biblioteca. A livraria acaba mais atualizada", diz ele, que revela ler só obras cristãs. "Acho que nem tem esse tipo de livro nas bibliotecas."

Goeth! O filme de Stölzl que narra um pouco da vida do criador do Romantismo


Por : Marcos Rosa 
(http://algunsfilmes.blogspot.com.br)
“Apenas o amor mantém o mundo unido em sua essência” Goeth
Goeth
“ Enquanto ela falava, como eu me deletei em fitar os seus olhos negros! Como toda minha alma era atraída pelos seus lábios cheios de vida, suas faces frescas e animadas! Quantas vezes, absorvido em minha admiração pelo sentido das suas frases, sequer cheguei a ouvir as palavras de que ela se servia!” Não, este trecho não foi extraído do filme, mas sim do livro “Os Sofrimentos do Jovem Werther” que tem profunda relação com a película.
Uma das inúmeras vantagens de assistir filmes sobre escritores ou filósofos é que sempre recorremos aquele livro empoeirado na estante ou aos books perdidos na rede. No caso deste filme a leitura do livro citado acima só tem a contribuir para amplificar o sentimento do personagem, um sentimento muito fácil de adivinhar: a paixão, é claro!
Johann Goeth (Alexander Fehling) é um jovem aspirante a escritor, porém existem duas pequenas barreiras que o impedem: a falta de habilidade para o ofício e o espírito protetor do pai que, já sabendo da sua inabilidade com as letras, o convence a desistir da idéia de escrever, ainda mais sem rima! É assim que Johann Goeth vai parar em Wetzlar, uma cidadezinha do interior da Alemanha aonde deveria aprender o ofício do Direito.
Na pequena vila o ex-aspirante a escritor logo faz amizade com Wilhelm Jerusalem (Volker Bruch), outro romântico inveterado. Goeth percebe também que deverá trabalhar muito para satisfazer seu chefe Albert Kestner (Moritz Bleibtreu). Porém, aquela vila guardava mais que trabalho burocrático, funcionários puxa-saco e chefes exigentes, foi o que descobriu aquele que mais tarde escreveria o celebre Fausto, ao conhecer a bela Charlotte Buff (Miriam Stein). Mas uma história de amor não é uma história de amor se não tiver seus obstáculos, barreiras, sofrimentos, fantasias, paixão, abdicação...
E a barreira desta história de amor é a mais comum de todas, como disse o amigo de Goeth: “rapaz se apaixona por garota que está prometida a outro rapaz rico”. Desta trama não lhes resta apenas saber seu desfecho, mas sim o meio, afinal, quem sabe não tenha nascido daí aquilo que conhecemos hoje por romantismo.

Título original: (Goeth!)
Lançamento: 2010 (Alemanha)
Direção: Philipp Stölzl
Atores: Alexander Fehling, Miriam Stein, Moritz Bleibtreu, Volker Bruch, Burghart Klaußner, Henry Hübchen
Duração: 100 min
Gênero: Drama

quinta-feira, 29 de março de 2012

"Avenida Brasil", ou Branca de Neve no lixão


Veja o que diz Tony Goes, do F5 do FOLHA.COM, sobre a nova novela da Globo.

Rita (Mel Maia) tenta fugir de Carminha (Adriana Esteves) em "Avenida Brasil"
(foto: João Miguel Junior/Divulgação/TV Globo)

Era uma vez uma linda menininha que vivia com seu pai e sua madrasta. Um dia o pai morreu e a madrasta resolveu se livrar da garota. Chamou um capanga e mandou ele a levasse para um lugar ermo e perigoso, para que ela nunca mais voltasse.
Existem inúmeras variações da história de "Branca de Neve", mas o ponto de partida é sempre o mesmo: a madrasta que quer matar a enteada. Agora mesmo existem dois novos filmes americanos prestes a estrear nos cinemas, "Espelho, Espelho Meu" e "Branca de Neve e o Caçador", e também uma série de TV, "Once Upon a Time", que chega em breve ao canal Sony.
É um arquétipo tão forte que também serviu de premissa para "Avenida Brasil", a novela que estreou segunda passada na Globo. A floresta do conto original virou um lixão e a rainha má agora se chama Carmen Lúcia. Que não está interessada em ser a mais bela do reino: só a mais rica.
Rita (Mel Maia) tenta fugir de Carminha (Adriana Esteves) em "Avenida Brasil"
"Avenida Brasil" estreou com aplausos unânimes, inclusive dos críticos mais implacáveis de hoje: os tuiteiros. Até Aguinaldo Silva, autor da antecessora "Fina Estampa", admitiu a qualidade da nova novela. Mas claro que ele não se conteve e apontou que a audiência caiu, olha só que danadjiiinho.
É cedo para saber se "Avenida Brasil" vai mesmo emplacar, além do mais porque ainda estamos na primeira fase. Por enquanto a ação se passa em 1999 --mas que ação, hein? Os três primeiros capítulos foram eletrizantes e com um cuidado de produção que lembra o cinema. Nem se demoraram a apresentar os personagens, que, aliás, ainda são poucos.
Mas primeiras fases costumam enganar. "Renascer", novela de Benedito Ruy Barbosa exibida em 1993, teve uma primeira fase gloriosa, que durou apenas cinco capítulos. Depois a trama deu um pulo de uns vinte anos, e o nível nunca mais foi o mesmo. Muita gente ainda reclama de Mariana, um personagem desagradável feito pela então novata Adriana Esteves.
A mesma Adriana agora se redime com o melhor papel de toda sua carreira. Ela está sensacional como Carmen Lúcia: vulgar, egoísta e totalmente crível, coisa que a "falecida" Tereza Cristina nem tentava ser. Mas será que Débora Falabella será uma antagonista à sua altura?
Implico um pouco com Débora Falabella. Para começar, ela já tinha 20 anos em 1999, enquanto que Mel Maia --a menina-prodígio que interpreta Rita nesta primeira fase da novela-- tem apenas sete. Até aí, tudo bem: é mais do que comum atores interpretarem personagens mais jovens do que eles mesmos.
Acontece que eu simplesmente não vou com a cara de Débora. Coitada, ela nunca me fez nada. Nutro-lhe uma antipatia completamente gratuita, e quero só ver se ela vai ser capaz de segurar essa peteca.
O desafio não é só dela. Branca de Neve era uma figura totalmente passiva, que caía em sono profundo enquanto os anões e o príncipe cuidavam da bruxa. A Rita/Nina de "Avenida Brasil" não será: o autor João Emanuel Carneiro já avisou que ela é uma espécie de Flora, a vilã de "A Favorita", mas "do bem". Vai ser interessante ver como ele consegue resolver esta contradição. Ou melhor, se consegue.

Tony Goes tem 50 anos. Nasceu no Rio de Janeiro mas vive em São Paulo desde pequeno. É publicitário em período integral e blogueiro, roteirista e colunista nas horas vagas. Escreveu para vários programas de TV e alguns longas-metragens, e assina a coluna "Pergunte ao Amigo Gay" na revista "Women's Health". Colaborador frequente da revista "Junior" e da Folha Ilustrada, foi um dos colunistas a comentar o "Big Brother 11" na Folha.com.

terça-feira, 27 de março de 2012

¨¨¨Landisvalth Blog: Só os eleitores nos salvarão das trevas

¨¨¨Landisvalth Blog: Só os eleitores nos salvarão das trevas:                       Landisvalth Lima Os leitores deste blogue, alunos, amigos e partidários vivem a me perguntar em que pé estão a...

segunda-feira, 26 de março de 2012

Educadores questionam nova base do ensino médio


     Especialistas se dividem quanto à utilidade das diretrizes do MEC homologadas neste ano
     MARIANA MANDELLI - O Estado de S.Paulo
Dar identidade à etapa mais problemática da educação básica em 23 artigos de uma resolução e em 50 páginas de um parecer, permitindo que as escolas permeiem seus currículos com os conteúdos de quatro dimensões: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. É esse o objetivo das novas diretrizes curriculares para o ensino médio, homologadas pelo Ministério da Educação (MEC) no início do ano, que tem recebido críticas de especialistas quanto à sua utilidade. As novas diretrizes tentam inserir "procedimentos que guardem maior relação com o projeto de vida dos estudantes como forma de ampliação da permanência e do sucesso dos mesmos na escola". Ou seja, tentam deixar a escola mais atraente com a ideia de inserir conteúdos relacionados às quatro dimensões na base curricular.
Na prática, as escolas são obrigadas a discutir o documento - que é mais doutrinário que mandatório -, mas sem desobedecer à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, onde estão fixadas as disciplinas obrigatórias. Os críticos afirmam que o documento apenas legitima o que já existe: uma enxurrada de disciplinas que são voltadas para o vestibular. "O Brasil não diversifica e mantém a ideia que todo mundo tem de fazer a mesma coisa. É um 'pau de sebo', um sistema que mais expulsa que inclui", diz João Batista, do Instituto Alfa e Beto. Para ele, o texto das diretrizes tem uma "erudição boba". "Não vai mudar nada. Isso das quatro dimensões é só envelope. As escolas não vão deixar de dar o que cai na Fuvest. "
O economista Cláudio Moura e Castro tem opinião semelhante. "O vestibular é coisa para gênio. É uma montoeira de matéria que rebate no ensino médio. Resultado: ninguém aprende, só decora", afirma. "No resto do mundo há segmentação. Só a Alemanha tem quatro alternativas. Os Estados Unidos têm um programa muito aberto e dificilmente um aluno faz os mesmos cursos que o outro." Para especialistas em educação básica, as novas diretrizes não resolvem o problema, mas apresentam pontos positivos. "São mais verborrágicas que práticas", diz Wanda Engel, do Instituto Unibanco. Ela elogia a possibilidade de flexibilização da grade em regimes semestrais e as matrículas por disciplina. Priscila Cruz, do Todos pela Educação, afirma que o ensino médio precisa de um projeto muito mais estruturante. "Acredito em soluções mais individualizadas e segmentadas, porque há muitas diferenças. E a escola tem de fazer sentido para todos os estudantes."
Currículo. O CNE defende que as diretrizes, que revogam as até então vigentes, datadas de 1998, são um documento norteador, uma vez que ele não pode ser encarado como o currículo em si. O MEC discute hoje uma nova base curricular nacional, que vai contemplar também o ensino médio, denominada direitos de aprendizagem. "Demos uma definição para o ensino médio. Todo mundo tem direito a uma quantidade de informações e então escolher o que quer fazer. Não é receita de bolo", diz o relator José Fernandes de Lima. Ele admite que há dificuldade de implantação e que o projeto é de médio prazo. Clélia Brandão, também do CNE, afirma que o documento é um "resultado de opções". "Nem todo mundo pensa a escola do mesmo jeito. Não tem como ser unanimidade nacional. Fruto de discussão do Conselho Nacional de Educação (CNE) com educadores e entidades, o documento tenta aproximar a escola da realidade dos jovens, sem retirar a importância das disciplinas tradicionais. No entanto, o cenário que ela encontra é desastroso e apresenta uma equação problemática cujo resultado não fecha há décadas. Alguns números mostram a gravidade: 50,9% dos jovens de 15 a 17 anos ainda não estão matriculados nessa etapa e as taxas de reprovação e de abandono são, respectivamente, de 13,1% e de 14,3%. Apenas 11% aprenderam o ensinado em matemática ao final do 3.º ano.

¨¨¨Landisvalth Blog: Renato Rocha, ex Legião Urbana, é morador de rua

¨¨¨Landisvalth Blog: Renato Rocha, ex Legião Urbana, é morador de rua: O sucesso não melhorou a vida de Negrete (Foto: Record)      O ex-baixista da Legião Urbana, Renato Rocha, é morador de rua há cinco a...

sábado, 24 de março de 2012

Tabua na Trilha d`Os Sertões


Prof. Marcos José, idealizador do projeto
O professor Marcos José de Souza, da cidade de Fátima, com o claro objetivo de difundir conhecimentos sobre a obra de Euclides da Cunha, inicia o ano de 2012 com a segunda edição do Projeto Na Trilha d´Os Sertões. O professor Marcos, um entusiasmado da literatura, promove com o projeto palestras, leituras, debates sobre a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha. O cenário dos encontros este ano é o povoado Tabua, berço da civilização fatimense.
Ao todo já aconteceram quatro encontros, todos no povoado Tabua, na escola Santa Teresa. O 1º Encontro tratou de uma exposição sobre Os Sertões. Nos dois encontros seguintes aconteceram debates sobre a obra, notadamente a 1ª parte: A Terra. Também o professor Marcos colocou em discussão a leitura do texto “Geologia e Metáforas Geológicas em Os Sertões”, de autoria de José Carlos Barreto Santana.
Dê um clique nas fotos para ampliá-las
O 4º encontro ocorreu no último sábado com a presença do professor Landisvalth Lima, que fez uma palestra sobre a vida do escritor e deu orientações sobre o procedimento de leitura da obra. Também o professor Landisvalth fez uma rápida explanação sobre a Canudos pós-guerra e o fracasso do governo de tentar apagar a comunidade para sempre. No mesmo encontro, também foram recitados poemas de Carlos Drummond de Andrade.

Os próximos encontros de Na Trilha d´Os Sertões serão dedicados a debater a segunda parte da obra: O Homem. A data do 5º encontro está marcada para dia 31 de março, também na escola Santa Teresa, no povoado Tabua, integrante do Núcleo Educacional Nossa Senhora das Graças, com sede no povoado Bonfim. Além dos encontros que serão realizados, o professor Marcos José já programou uma viagem a Canudos prevista para o mês de agosto. A boa notícia é que parece que o projeto está só começando. A terceira edição, em 2013, poderá ser realizada na cidade de Poço Verde, no estado de Sergipe.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Chico Anysio morre aos 80 anos


ILUSTRADA – da FOLHA DE SÃO PAULO

Chico Anysio recebendo o Prêmio Especial do Juri no Festival de Cinema do Rio - 2011
(foto: Paula Giollito)
O humorista Chico Anysio morreu aos 80 anos hoje, após 112 dias internado no Hospital Samaritano, no Rio. De acordo com o hospital, o horário da morte foi às 14h52. O velório será sábado (24), no Theatro Municipal do Rio. O corpo será cremado no domingo (25), em cerimônia restrita à família
Leonardo Wen/Folhapress/Thiago Prado Neris/Tv Globo 
Boletim médico informou que o paciente não resistiu a uma parada cardiorespiratória e a morte ocorreu por conta de falência múltipla dos órgãos decorrente de choque séptico causado por infecção pulmonar. O artista piorou no início desta semana e, na segunda (19), voltou a respirar com a ajuda de aparelhos em período integral. No dia seguinte, teve uma complicação renal. Na noite de quarta (21), ele foi submetido a uma sessão de hemodiálise e apresentou instabilidade hemodinâmica --por isso, fez uso de alta dose de medicamentos para controlar a pressão arterial. Seu estado foi considerado crítico pelos médicos na manhã de quinta (22). Segundo o boletim assinado pelo médico Luiz Alfredo Lamy, o humorista estava sedado, respirando com a ajuda de aparelhos e foi submetido na tarde de ontem a uma punção torácica para drenagem de um "grande hematoma pleural". Um dos principais nomes do humor no Brasil, criador de inúmeros personagens e bordões célebres, o cearense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho construiu uma carreira de mais de seis décadas como radialista, escritor e ator de teatro, cinema e televisão. Continuou trabalhando mesmo após o longo período de internação entre dezembro de 2010 e março de 2011, quando retirou parte do intestino grosso, fez uma angioplastia e teve sucessivos problemas cardiorrespiratórios que o deixaram em estado grave -chegou a entrar em coma por três vezes. Quando teve alta, em abril do ano passado, voltou a gravar o programa semanal "Zorra Total", da Rede Globo, interpretando Salomé. Chico era casado com a empresária Malga di Paula (seu sexto casamento) e teve oito filhos (um deles adotivo) --Lug de Paula, Nizo Neto, Rico Rondelli, André Lucas, Cícero Chaves, Bruno Mazzeo, Rodrigo e Vitória-- com cinco mulheres, entre elas a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, com quem teve seus caçulas. Era irmão da atriz Lupe Gigliotti (morta enquanto ele estava internado, em dezembro de 2010, vítima de um câncer de pulmão), do cineasta Zelito Vianna e do empresário (e seu parceiro em diversos roteiros para TV) Elano de Paula.
INTERNAÇÃO
Chico em 1975
Chico Anysio deu entrada no mesmo hospital em novembro de 2011 devido a uma infecção urinária. Após ser tratado com um ciclo de antibióticos, recebeu alta para passar o Natal com a família, mas voltou a ser internado no dia seguinte com hemorragia digestiva. Após alguns dias internado na UTI, Chico apresentou, também, um quadro de pneumonia e passou a respirar com a ajuda de aparelhos durante quase todo o período que esteve internado. No início de janeiro, apresentou leve melhora na infecção pulmonar e os médicos iniciaram o processo de retirada do respirador. No dia 14 de janeiro, o estado de Chico piorou e ele foi submetido a uma laparotomia exploradora (cirurgia abdominal para determinar os motivos do sangramento no intestino, retirando um segmento do intestino delgado que tinha sofrido uma perfuração por isquemia intestinal). No mesmo período, ele desenvolveu insuficiência renal passando a receber sessões de hemodiálise. Em fevereiro, Chico apresentou discreta melhora no quadro clínico e as sessões de hemodiálise foram suspensas, assim como a redução dos medicamentos para controlar a pressão arterial. Ainda segundo o hospital, o humorista estava lúcido, permanecia algumas horas do dia sem ajuda do suporte mecânico para respirar e passava diariamente por sessões de fisioterapia respiratória e motora. No fim do mês, Chico foi diagnosticado com um novo quadro de pneumonia, passou a fazer uso de antibióticos e voltou a respirar com ajuda de aparelhos. Ele permaneceu com o mesmo quadro clínico até meados de março. No dia 21, apresentou piora no quadro cardiocirculatório com queda da pressão arterial e falência dos rins. Voltou a respirar com ajuda de aparelhos durante todo o dia e foi submetido a sessões de hemodiálise. Malga Di Paula, atual mulher do artista, fez campanha contra o cigarro no Facebook na semana passada. "[Chico] é uma das vítimas de uma geração desinformada, que usava o cigarro por uma questão de charme", publicou ela na rede social. 
HISTÓRICO MÉDICO
Chico em 2010 (foto:Francisco Capeda)
Chico Anysio já havia passado três meses no mesmo hospital no início de 2011, quando deu entrada com falta de ar e foi detectada uma obstrução de artéria coronariana. Ele foi submetido a uma angioplastia, procedimento que desobstrui as artérias. No período pós-operatório, o humorista passou por diversas complicações, como tamponamento cardíaco e pneumonia. Ele precisou de auxílio de máquinas para respirar em vários momentos da internação, e foi submetido ainda a uma traqueostomia. O humorista esteve internado em outras duas ocasiões em 2010: em maio e agosto. Na primeira, teve de tratar uma infecção respiratória. Na época, escreveu em seu blog: "Estou vivo e paciente, esperando a cada telefonema que seja alguém da Globo, vestido de azul marinho, dizendo que alguém da mesma cor quer me ver novamente na telinha". Já a segunda internação, em agosto, ocorreu por causa de uma hemorragia digestiva e ele passou por duas cirurgias no intestino. A recuperação foi rápida e, em setembro, Chico voltou aos palcos ao lado de Tom Cavalcanti no espetáculo "Chico.Tom". Sua saúde foi se debilitando ao longo da última década. Em 2000, Chico Anysio foi internado com dores no peito. No ano seguinte, teve problemas pulmonares. Em 2006, foi internado duas vezes: primeiro, teve uma infecção respiratória, em seguida, sofreu uma queda em casa na qual fraturou uma vértebra. Em 2009, o artista fez uma participação na novela "Caminho das Índias", como o trambiqueiro Namit, pai de Radesh (Marcius Melhem). No ano passado, recebeu o prêmio especial do júri no Festival de Cinema do Rio por sua atuação no filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", dirigido por Vinicius Coimbra.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Baiano vence concurso nacional de fotografia


A foto premiada
A foto do fotógrafo de Conceição do Coité, Robson de Almeida, ficou entre as dez melhores produções em um dos maiores concursos de fotografia do país. Com o tema “Cenas Brasileiras”, o 9º Concurso Leica-Fotografe, em parceria com um a revista “Fotografe Melhor” de circulação nacional, contou com cinco mil trabalhos inscritos. A imagem premiada é um registro da casa antiga do município do nordeste baiano, pertencente ao seu avô. O prédio, construído há mais de 60 anos, foi palco das grandes festas realizadas na região da comunidade coiteense de Patos. “Não esperava ficar entre os 10, pois foram mais de cinco mil escritos. Fiquei surpreso quando recebi a moção honrosa”, disse em entrevista ao Calila Notícias. 
Robson: olhar sensível
A família de Robson é talentosa não resta dúvida. O primeiro a mostrar seu trabalho a nível nacional foi o maestro Josevaldo, da escola Santo Antônio de Música, sendo por várias vezes matéria na mídia nacional. Agora é a vez do seu irmão Robson de Almeida. O concurso que existe desde 2003 e o tema proposto esse ano foi Cenas Brasileira, o que trouxe inspiração ao fotógrafo coiteense em registrar a casa antiga a qual seu avô morou. O cenário é muito significativo para Robson, pois lá está toda a origem de sua família. A casa foi construída na década de 50 pelo seu próprio avô, o Sr Idelbrando. Robson é autodidata, possui uma grande sensibilidade no olhar. Trabalha na Agência Silva e se dedica especialmente a fotografia de casamentos, mas também faz trabalhos artísticos como esse que o levou a essa premiação.
Informações e fotos do Calila Notícias.

domingo, 11 de março de 2012

Ana Dalva News: Veja a entrevista de Ana Dalva, pré-candidata do P...

Ana Dalva News: Veja a entrevista de Ana Dalva, pré-candidata do P...: "Com o povo, eu tenho o facão para cortar a corrupção pela raiz". Ana Dalva (PPS), pré-candidata a prefeita de Heliópolis. IMPACTO. ...

sábado, 10 de março de 2012

Canaã, de Graça Aranha, é um romance de 1902 que retrata os conflitos com a chegada dos imigrantes no Espírito Santo


Tido como marco inicial do que hoje chamamos de Pré-Modernismo, o romance Canaã, do escritor maranhense Graça Aranha, retrata com paixão o mundo do Brasil ainda rural entrando em confronto com dois mundos alemães: o do ideal da Lei da Força e o do ideal da Lei do amor. Esta narrativa de tese, bem ao estilo naturalista, surpreende pela afirmação do ato humano de amor ao próximo e da vida simples como caminhos para o encontro com a possibilidade de felicidade.
Milkau, alemão, recém-chegado a uma colônia de imigrantes europeus, no Espírito Santo, aluga um cavalo para ir do Queimado à cidade de Porto do Cachoeiro. Junto com ele vai o guia, um menino de 9 anos, filho de um alugador de animais, no Queimado. O imigrante observa a paisagem e, ao passar por uma fazenda abandonada, entregue aos poucos e pobres escravos, nota o ritmo daquela gente desamparada. Finalmente, chega ao sobrado do comerciante alemão, Roberto Schultz, em Cachoeiro. Na parte inferior do edifício fica o armazém, onde é negociada toda sorte de produtos, desde fazenda até instrumentos agrícolas.
É apresentado a outro imigrante, Von Lentz, filho de um general alemão. Milkau deseja arrematar um lote de terra para se estabelecer. Schultz apresenta-lhe o agrimensor, Sr.Felicíssimo, que está para ir ao Rio Doce fazer medições de terra. Milkau, desejando aí se estabelecer, decide se juntar ao agrimensor e convida o indeciso Lentz para acompanhá-lo.
Pelo caminho, Lentz e Milkau discutem a paisagem e a raça brasileiras. Milkau crê que o progresso só se dá quando os povos se misturam. Vê, na fusão das raças adiantadas com as selvagens, o rejuvenescimento da civilização. Enquanto acredita na humanidade, pensa encontrar no Brasil Canaã, "a terra prometida". Lentz só se ocupa da superioridade germânica, ficando enaltecido com o triunfo dos alemães sobre os mestiços. Para ele, a mistura gera uma cultura inferior, uma civilização de mulatos que serão sempre escravos e viverão em meio a lutas e revoltas. Acrescenta que está no Brasil, porque o estava forçando a se casar com a filha de um general, amigo do pai. Preferiu começar vida nova, longe dos deveres e obrigações impostos por sua sociedade. Milkau conta-lhe que também não encontrava graça no viver, ansiava por uma vida mais independente, em que pudesse dar vazão à sua individualidade.
À noite, reúnem-se a Felicíssimo e ouvem de alguns homens da terra e dos trabalhadores alemães lendas, evocando o Reno e despertando saudades. Os planos dos dois imigrantes diferem; Milkau deseja manter seu pedaço de terra e anseia por uma justiça perfeita sem ganâncias ou lutas. Lentz está determinado a ampliar sua propriedade, ter muitos trabalhadores sob seu comando. Sonha com o domínio do branco sobre o mulato, numa confirmação de seu poder.
Após as medidas tomadas por Felicíssimo, Milkau pode levantar sua casa e Lentz deixa-se ficar, triste e angustiado, incapaz de abandonar o companheiro, dedicando-se às viagens e compras da casa. No trajeto, encontra-se sempre com um velho colono alemão taciturno, em companhia de seus cães ferozes, mas fiéis. Mais tarde, encontrará esse velho morto em casa, guardado pelos animais e devorado pelos urubus.
Um dia, ao retornar de Santa Teresa, Lentz traz a notícia de que, em Jequitibá, o novo pastor vai celebrar seu primeiro serviço. Os colonos preparam uma festa e Milkau resolve juntar-se a eles como forma de se familiarizar com os costumes do povo. Pelo caminho, os amigos encontram famílias inteiras de colonos. As mulheres se vestem com o modelo usado na partida para a nova terra, sendo possível fixar, pelo vestuário, a época de cada imigração.
Felicíssimo os convida para, depois do culto, festejarem no sobrado de Jacob Müller. Ouvem música e veem o povo dançando. Milkau diz a Lentz que era isso o que buscava: uma vida simples em meio à gente simples, matando o ódio e esquecendo-se da dor. Os homens de outras terras estavam possuídos pelo demônio, devastando o mundo. Lentz vê em tudo aquilo uma existência vazia e inútil.
Milkau conhece, nesse dia, no sobrado de Müller, uma colona, Maria Perutz, que não consegue mais esquecer o encontro com o rapaz. A história de Maria é triste e solitária. O pai morreu antes que ela pudesse conhecê-lo. A mãe viúva, criada da casa do alemão Augusto Kraus, logo falece e Maria fica sob os cuidados de Augusto, seu verdadeiro amigo. Moravam com o velho, seu filho, a nora Ema e o neto, Moritz Kraus. Repentinamente, Kraus falece e a situação na casa de Maria se modifica.
Ema e o esposo decidem separar a moça do filho, temendo uma aproximação amorosa. A família quer ver Moritz casado com a rica Emília Schenker e o enviam para longe de Jequitibá. O rapaz parte com certa alegria, deixando Maria desgostosa, pois os dois já eram amantes.
Franz Kraus é procurado por um Oficial de Justiça que, desejando saber porque a morte do velho não foi notificada, passa-lhe um documento sobre a necessidade de arrolamento dos bens de Augusto Kraus. Solicita que lhe prepare alojamento e comida para cinco pessoas, pois darão plantão em sua casa, recebendo todos os que estiverem na mesma situação de Franz.
O grupo se instala na casa e passa a chamar os colonos, amedrontando-os com extorsões e violências. Após a visita, cobram de Franz Kraus a alta importância de quatrocentos mil réis, além de demonstrarem certo interesse em Maria, notadamente o procurador Brederodes. Kraus sente-se ultrajado e roubado. A vida de Maria por essa época piora. Dia-a-dia, teme que seu estado se revele, por isso aguarda desesperadamente o retorno de Moritz para lhe contar sobre o filho que espera.
Os pais do rapaz não tardam perceber o que se passa. Vendo-a mover-se pela casa languidamente, sentem ódio e temem pelo casamento do filho. Passam o dia a cochichar, a tramar para se verem livres dela. Tratam-na com mais rigor, não lhe dão quase comida, dobram-lhe os trabalhos. Resignada, Maria resiste para desespero dos velhos. Uma manhã, trêmula e exausta deixa cair um prato. Encolerizada, Ema grita para que ela abandone a casa. O marido ameaça-lhe com um pedaço de madeira. Amedrontada, arruma uma trouxa e sai. Pede auxílio ao pastor, mas esse, dominado pela cunhada, docemente afasta Maria que parte para a vila em busca de abrigo.
Ao verem a triste figura, os colonos tomam-na por louca, enxotando-a. Na floresta, seu único refúgio, cai prostrada e adormece. No dia seguinte, encontra uma estalagem, onde empenha a trouxa de roupa em troca de comida e abrigo. A dona do estabelecimento lhe dá dois dias para encontrar um emprego, mas a busca é em vão. Certo dia, na hora do almoço, Milkau reconhece Maria na estalagem. Ao saber de sua história, prontifica-se a ajudá-la, levando-a para a casa de uns colonos. A moça é aceita, mas tratada com desdém.
Um dia, trabalhando, solitariamente, no cafezal, começa a sentir as dores do parto. Temendo retornar à casa e ser maltratada, resiste até cair e, esvaindo-se em sangue, dá luz ao bebê. Alguns porcos, que estavam nas proximidades, correm para lambê-los, mordendo o bebê que falece. A filha dos patrões chega nesse instante e, sem nada perguntar, volta à casa, dizendo que Maria tinha matado o bebê e dado a criança aos porcos. Dois dias depois, Perutz estava presa na cadeia de Cachoeiro.
A população germânica, horrorizada com o crime de Maria, prepara-se para a vingança e o exemplo. Roberto Shultz procura os mesmos representantes da Justiça que amedrontaram e extorquiram os colonos, durante o arrolamento de bens. Pede-lhes que deixem a punição da mãe assassina para os alemães. O procurador Brederodes, ignorado por Maria na época, insiste em puni-la para que aprenda a não ser tão orgulhosa. Chama todos os alemães de hipócritas e parte, deixando Shultz desmoralizado.
Graça Aranha
Milkau fica sabendo do destino de Perutz e o encontro com ela em Cachoeiro choca-o. Maria tinha a face lívida e os olhos cintilantes dançavam ao sabor da loucura. Volta a vê-la dias seguidos, passando a ser olhado com desprezo e desconfiança, pois, talvez, fosse o amante. Repelido pelos moradores, resigna-se com a condição de inimigo, permanecendo ao lado de Maria.
Certa manhã, estando em companhia de Felicíssimo, Milkau encontra Maria, sendo levada por dois soldados para o tribunal. Em cada fase do julgamento, é apontada culpada. Milkau acompanha todas as sessões, chegando a ficar amigo do juiz Paulo Maciel. Este lhe diz que o final não será feliz, pois os depoimentos não deixam brecha para a inocência. O imigrante e Maciel aproveitam os encontros para analisar a justiça brasileira, os brasileiros e seu patriotismo.
A avaliação não é das melhores. O juiz impossibilitado de fazer justiça por uma série de circunstâncias observa que a decadência ali existente é um "misto doloroso de selvageria dos povos que despontam para o mundo, e do esgotamento das raças acabadas. Há uma confusão geral". Milkau crê que se pode chegar a algo melhor. Entretanto, à medida que acompanha o definhar da amiga, vai se deixando tomar pela tristeza. Finalmente, numa noite, Milkau tira Maria da prisão e foge com ela, correndo pelos campos em busca de Canaã, "a terra prometida", onde os homens vivem sempre em harmonia.

A vida e a obra de Euclides da Cunha


Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Foi escritor, professor, sociólogo, repórter jornalístico e engenheiro, tendo se tornado famoso internacionalmente por sua obra-prima, “Os Sertões”, que retrata a Guerra dos Canudos.
Cronologia:
1866 – Nasce no dia 20 de janeiro, na Fazenda Saudade, em Cantagalo, região serrana no vale do rio Paraíba do Sul, na província do Rio de Janeiro, onde vive até os três anos, quando falece sua mãe. O autor e sua irmã, Adélia, passam a viver, em 1869, com seus tios maternos, Rosinda e Urbano, em Teresópolis (RJ).
1871 -  Com a morte da tia, Rosinda, vão morar com os tios maternos, Laura e Cândido, em São Fidélis (RJ).
1874 – Inicia os estudos no Instituto Colegial Fidelense.
1875 - Seu pai, Manuel Rodrigues Pimenta da Cunha, tem o poema “À morte de Castro Alves” publicado na segunda edição de “Espumas flutuantes”, do poeta baiano, prematuramente falecido.
1877 – Estuda no Colégio Bahia, em Salvador (BA), durante um breve período em que morou naquela cidade, na casa de sua avó paterna.
1879 - Muda-se para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), e estuda no Colégio Anglo-Americano.
1883 - Estuda no Colégio Aquino, e escreve seus primeiros poemas em um caderno, ao qual dá o título de “Ondas”.
1884 – Publica em “O Democrata”, jornal dos alunos do Colégio Aquino, seu primeiro artigo.
1885 - Ingressa na Escola Politécnica para cursar Engenharia. Freqüenta somente por um ano, pois é obrigado a desistir por motivos financeiros.
1886 – Matricula-se na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, no curso de Estado-maior e Engenharia Militar da Escola Militar, medida adotada porque a Escola pagava soldo e fornecia alojamento e comida. Tinha, entre seus colegas, Cândido Rondon, Lauro Müller, Alberto Rangel e Tasso Fragoso.
1887 – Passa, por três vezes, pela enfermaria da escola. Pede licença de dois meses para tratar da saúde.
1888 – Sua matrícula na Escola Militar da Praia Vermelha é trancada, face ao ato de protesto durante uma visita do Ministro da Guerra, conselheiro Tomas Coelho, do último gabinete conservador da monarquia. É desligado do Exército sob o pretexto de incapacidade física. Convidado, passa a escrever no jornal “A Província de São Paulo”, hoje “O Estado de São Paulo”, jornal engajado na campanha republicana. O artigo “A pátria e a dinastia, publicado no dia 20/12/1888, marca sua estréia.
1889 - Retorna à Escola Militar da Praia Vermelha, graças ao apoio de seu futuro sogro , o major Sólon Ribeiro e de seus colegas da Escola, que pedem sua reintegração.
1890 – Casa-se com Ana Emília Ribeiro.
1891 - Tira um mês de licença para tratamento de saúde. Viaja com a esposa para a Fazenda Trindade, de seu pai, localizada em Nossa Senhora do Belém do Descalvado (atual Descalvado), no interior de São Paulo. Morre sua filha Eudóxia, recém-nascida.
1892 - Conclui  o curso na Escola Superior de Guerra e é promovido a tenente, seu último posto na carreira. Cumpre estágio na Estrada de Ferro Central do Brasil — trecho paulista da ferrovia, entre a capital e a cidade de Caçapava, por designação do marechal Floriano Peixoto. É nomeado auxiliar de ensino teórico na Escola Militar do Rio. Nasce seu filho Solon Ribeiro da Cunha.
1893 - Escreve artigo com críticas ao governo do marechal Floriano, cuja publicação foi negada pelo jornal “O Estado de São Paulo”. Acometido de forte pneumonia, interrompe sua colaboração com o jornal. Volta a trabalhar como engenheiro praticante na Estrada de Ferro Central do Brasil. Com a Revolta da Armada, que teve início em 06/09, seu sogro é preso. Sua mulher, Ana, refugia-se, com o filho Solon, na fazenda do sogro, em Descalvado (SP). O escritor é designado para servir na Diretoria de Obras Militares.
1894 - É punido com transferência para a cidade de Campanha (MG), por ter protestado, em cartas á “Gazeta de Notícias”, do Rio, contra a execução sumária dos prisioneiros políticos, pedida pelo senador florianista João Cordeiro, do Ceará. Nasce seu filho Euclides Ribeiro da Cunha Filho, o Quidinho.
1895 – Obtém licença do Exército, por ser considerado incapaz para o serviço militar devido à tuberculose. Vai para a fazenda do pai e se dedica às atividades agrícolas. Cansado, poucos meses após tornar-se lavrador, vai trabalhar como engenheiro-ajudante na Superintendência de Obras Públicas em São Paulo.
1896 – Mesmo desaconselhado pelo sogro, o autor desliga-se do Exército, sendo reformado no posto de tenente.
1897 – Volta a colaborar no jornal “O Estado de São Paulo”. Cobre a  4ª Expedição contra Canudos, como correspondente daquele jornal. Em seus artigos, afirma sua certeza na vitória do governo sobre os conselheristas. O presidente Prudente de Morais o nomeia adido do estado-maior do ministro da Guerra, marechal Carlos Machado de Bittencourt. Torna-se sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Acompanha, de perto, toda a movimentação de tropas e faz pesquisas sobre Canudos e o Conselheiro. Em Monte Santo, em companhia do jornalista Alfredo Silva, faz incursão nos arredores da cidade, observa as plantas e minerais da região. Nas cercanias de Canudos, no dia 19/09, escreve sua primeira reportagem da frente de batalha. Antonio Conselheiro morre de disenteria em 22/09. O autor passeia pela cidade, anotando em sua caderneta de bolso, expressões populares e regionais, mudanças climáticas, desenhos da cidade e das serras da região e copia diários dos combatentes. Transcreve poemas populares e profecias apocalípticas, depois citados em “Os Sertões”. Com acessos de febre, retira-se do local, confessando, em seu último artigo para o jornal, o profundo desapontamento provocado pela visão das centenas de feridos que gemiam amontoados no chão. Retorna a Salvador (BA), em 13/10, e escreve, no dia seguinte, no álbum da médica Francisca Praguer Fróes, o poema “Página vazia”, aqui publicado. Volta ao Rio de Janeiro e, de lá, a São Paulo (SP). Após  quatro meses de licença para cuidar de sua doença, viaja para Descalvado onde, começa a escrever “Os sertões”.
1898 – Reassume seu cargo na Superintendência de Obras Públicas de São Paulo. Publica, em “O Estado”, o “Excerto de um livro inédito”, trechos de “Os sertões”, em que defende a tese de que o sertanejo é um forte, cuja energia contrasta com a debilidade dos “mestiços” do litoral. A ponte recém-inaugurada, construída em São José do Rio Pardo (SP), em parte sob a fiscalização do escritor, desaba, levando o biografado àquela cidade para acompanhar o desmonte. A demora nos trabalhos faz com que o escritor mude-se para aquela cidade, onde fica até 1901. Profere palestra no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sobre a “Climatologia dos sertões da Bahia”, e propõe a construção de açudes para resolver o problema das secas no Nordeste. Grande parte de “Os sertões” é escrita em São José, com a colaboração do prefeito da cidade, Francisco Escobar, que se tornara amigo do escritor.
1900 – Falece, em Belém, o General Solon Ribeiro, sogro do biografado. Finaliza, em maio, a primeira versão de “Os sertões”.
1901 – É nomeado chefe do 5º Distrito de Obras Públicas, com sede em São Carlos do Pinhal (SP), onde conclui “Os sertões”. Nasce seu filho, Manuel Afonso Ribeiro da Cunha. Assina contrato com a editora Laemmert, do Rio, a publicação de 1.200 exemplares de “Os sertões”, assumindo o compromisso de pagar a metade dos custos de edição, 1conto e quinhentos mil réis, quase o dobro de seu salário de engenheiro.
1902 – Após um trabalho insano de revisão, “Os sertões (Campanha de Canudos)” chega às livrarias em dezembro, sendo recebido com aplausos e restrições pela crítica.
1903 – A primeira edição do livro se esgota em pouco mais de dois meses. Começa a tomar notas para a “História da revolta”, livro sobre a rebelião da Marinha, que combateu no Rio, como oficial do Exército, de 1893 a 1894. Elege-se para a cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Castro Alves, e como sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Face à possibilidade de participar de expedição ao Purus, suspende a redação do livro. Vende os direitos das segunda tiragem de “Os sertões” para o editor Massow. Demite-se da Superintendência de Obras Públicas.
1904 – Participa, através de artigos publicados em jornais, do debate sobre os conflitos de fronteira. Condena o envio de tropas brasileiras para o Alto Purus e defende uma solução diplomática que permita incorporar o território do Acre. Propõe uma “guerra dos cem anos” contra as secas do Nordeste, que inclua a exploração científica da região, a construção de açudes, poços e estradas de ferro e o desvio das águas do rio São Francisco para as regiões afetadas pela estiagem. Após trabalhar alguns meses na Comissão de Saneamento de Santos, desentende-se com a diretoria e pede demissão. Sem emprego, volta a escrever no jornal “O Estado de São Paulo” e, também, em “O País”, do Rio. Dificuldades financeiras fazem-no transferir, por uma bagatela, os direitos de “Os sertões” para a editora Laemmert. É nomeado, pelo barão do Rio Branco, chefe da Comissão Mista  Brasileiro-Peruana de Reconhecimento do Alto Purus, na fronteira do Brasil com o Peru. Parte rumo a Manaus (AM) no dia 13/12.
1905 - Realiza viagem heróica pelo Rio Purus, na Amazônia, chefiando missão oficial do Ministério das Relações Exteriores. Percorre cerca de 6.400 quilômetros de navegação, alguns trechos inclusive a pé. A comissão chega à foz do rio Purus em 09/04. De volta, redige, com o comissário peruano, o relatório da expedição. Embarca para o Rio no dia 18/12. Durante sua ausência, a editora Laemmert publica a terceira edição de “Os sertões”.
1906 – Com a saúde debilitada pela malária, ao chegar encontra Ana, sua esposa, grávida do cadete Dilermando de Assis. Trabalha como adido do barão do Rio Branco. Trabalha no preparo de documentação necessária à construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. A Imprensa Nacional publica “Notas complementares do comissário brasileiro” sobre a história e a geografia do Purus, incluído no “Relatório da comissão mista Brasileiro-Peruana de reconhecimento do Alto Purus”. Recusa indicação para fiscalizar a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Ana dá à luz Mauro, que falece de debilidade congênita uma semana após seu nascimento. Tempos depois, afirmará ter tomado remédios abortivos tentando interromper a gravidez e que fora também impedida pelo marido a amamentar a criança, filha de Dilermando. O “Jornal do Commércio” publica “Peru versus Bolívia”. Começa a escrever “Um paraíso perdido”, livro sobre a Amazônia, que não é terminado face à morte do autor. Os originais se perderam. Toma posse, finalmente, na Academia Brasileira de Letras.
1907 – Publica “Contrastes e confrontos”, pela editora Livraria Chardron, do Porto (Portugal). Nasce Luís Ribeiro da Cunha, registrado como seu filho, mas que irá adotar, já adulto, o sobrenome Assis, de seu pai biológico Dilermando. Profere, com grande sucesso, no Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo, a conferência “Castro Alves e seu tempo”.
1908 – Escreve o prefácio do livro “Poemas e canções”, de Vicente de Carvalho. Em “Antes dos versos”, expõe sua concepção da poesia moderna. Publica no “Jornal do Commércio”, a crônica “A última visita”, sobre a inesperada homenagem de um anônimo estudante a Machado de Assis em seu leito de morte. O biografado ocupa, por breve período, com o falecimento de Machado, a presidência da Academia Brasileira de Letras. Passa o cargo para Rui Barbosa. Inscreve-se no concurso para a cadeira de lógica no Ginásio Nacional (Colégio Pedro II), no Rio.
1909 - Obtém a segunda colocação no concurso. Graças à interferência junto ao presidente da República, Nilo Peçanha, do barão do Rio Branco e do escritor e deputado Coelho Neto, é nomeado para a vaga. Entrega aos editores, Lello & Irmão, as provas de “À margem da História”.
Morre no dia 15 de agosto de 1909, depois de uma troca de tiros com o aspirante Dinorá e seu irmão, o cadete Dilermando de Assis. Em 1916, o segundo-tenente Dilermando de Assis, que havia sido absolvido da morte do biografado (legítima defesa), mata em um cartório de órfãos no centro do Rio, o aspirante naval Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, que tentou vingar a morte do pai. Dilermando é novamente absolvido, pelo mesmo veredito.
Bibliografia:
1902 - Os Sertões
1907 - Contrastes e Confrontos
1907 - Peru versos Bolívia
1909 - À margem da história (póstumo)
1939 - Canudos (diário de uma expedição) (póstumo) — Reeditado em 1967, sob o título Canudos e inéditos.
1960 – O rio Purus (póstumo)
1966 – Obra completa (póstumo)
1975 – Caderneta de campo (póstumo)
1976 – Um paraíso perdido (póstumo)
1992 – Canudos e outros temas (póstumo)
1997 – Correspondência de Euclides da Cunha (póstumo)
2000 – Diário de uma expedição (póstumo)
“Os sertões” foi publicado nos seguintes idiomas: alemão, chinês, francês, inglês, dinamarquês, espanhol, holandês, italiano e sueco.
Dados obtidos na Academia Brasileira de Letras; Cadernos de Literatura Brasileira, do Instituto Moreira Salles; livros; artigos jornalísticos e sites da internet como o Releituras.

Primeira adaptação de Dickens para cinema é encontrada


O romancista Inglês Charles Dickens

Um mês depois do bicentenário do escritor britânico Charles Dickens (1812-1870), comemorado em 7 de fevereiro, a filmoteca do Reino Unido recuperou uma adaptação ao cinema de uma de suas obras filmadas em 1901, a mais antiga atualmente conservada.
O filme, que dura cerca de um minuto, recria uma das passagens do romance "Bleak House", na qual um guarda noturno encontra o jovem varredor de rua Joe passando frio e sofrendo de pneumonia.
A adaptação, intitulada "The Death of Poor Joe" ("a morte do pobre Joe"), foi filmada pelo pioneiro do cinema britânico George Albert Smith, autor de diversos curtas-metragens nos últimos anos do século 19 e nos primeiros do século 20.
A protagonista da história é Laura Bayley, mulher de Smith, que vinha de uma família de artistas.
Em 1954, a fita foi entregue ao British Filme Institute (BFI, na sigla em inglês), a filmoteca britânica, por uma colecionadora que tinha conhecido Smith, mas foi catalogada por engano com título e data errados, o que fez com que o filme ficasse esquecido até agora.
"É maravilhoso ter redescoberto um filme tão singular e raro quando estamos ainda tão perto do bicentenário de Dickens", disse um dos arquivistas da filmoteca, Bryony Dixon. Segundo ele, "o filme dickensiano mais antigo do mundo" está em condições excelentes.
A obra foi incluída de última hora no programa "Dickens: Pre-1914 Short Films" ("Dickens: curtas anteriores a 1914"), mostra organizada pela filmoteca britânica em Londres no mês de março.
"Esta descoberta é a cereja do bolo das celebrações do bicentenário de Dickens", ressaltou Dixon, em referência às homenagens prestadas ao escritor no Reino Unido em fevereiro.
Como parte das celebrações, o príncipe Charles e sua mulher, Camilla, visitaram o museu de Dickens em Londres, inaugurado em 1925, na casa onde o romancista viveu com a mulher, Catherine Hogarth, de 1837 a 1839, e onde nasceram três de seus dez filhos. Os romances mais conhecidos de Dickens no mundo inteiro são Oliver Twist e David Copperfield.
O curta recém-descoberto pode ser visto no YouTube (veja aqui ).
Informações da Ilustrada, da Folha de São Paulo.

sábado, 3 de março de 2012