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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um retrato da cultura de Heliópolis

       No vídeo acima, alunos do 3º ano A do Colégio Estadual José Dantas de Souza - CEJDS - fazem uma abordagem da vivência cultural de Heliópolis. Relatos de artistas, incentivadores e produtores permitem mapear o grau de comprometimento da população com a sua produção cultural. Esta produção faz parte do conteúdo programático e é uma das avaliações da disciplina Redação e Expressão, ministrada pelo professor Landisvalth Lima, e foi formatada durante o ano de 2014.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Nasce O Epitáfio, de Natã Santana

                         Landisvalth Lima
O neo escritor Natã Santana (foto: Facebook)
Em situações normais, devemos vibrar e louvar aos céus o nascimento de algo bom: uma criança, a descoberta de um novo antibiótico, o surgimento de uma nova vacina, a queda de uma ditadura, o recebimento de um prêmio internacional por um brasileiro, ou latino ou ser humano...Bom, não preciso aqui me alongar. Todos sabemos o que é uma coisa boa porque somos todos os dias surpreendidos por senões que insistem em atormentar os poucos anos de vida que possamos viver. E foi em meio ao aprofundamento das investigações de corrupção na nossa Petrobrás, ao surgimento de novos nomes envolvidos na lambança festiva com o dinheiro do nosso povo e, sem citar aqui as centenas de notícias ruins, ainda chocado com o massacre promovido ao Charlie Habdo, curo-me da maldade do mundo com uma leitura surpreendente do romance O epitáfio, do meu já ex-aluno Natã Santana. O ano de 2015 está salvo! Poderei suportá-lo porque nasce um escritor numa terra onde o ato de ler é visto como quase missão impossível!
Já sabia do talento de Natã Santana, de suas possibilidades. Reconheço, porém, que um dos meus melhores alunos de redação foi muito além ao ultrapassar o comum e mergulhar no criativo, rompendo as barreiras da bestialidade e da mesmice. Não! Não pensem que estou aqui a dizer que temos um novo Machado de Assis. Até mesmo o autor de Dom Casmurro não nasceu Machado de Assis. Todo início é recheado de buracos e, inevitavelmente, os escritores nascentes vivem caindo neles. Natã vai cair em vários buracos até o dia que encontrar sua estrada plana e suave. Sua leitura nos levará pela estrada da vida, como lenitivo, até que apareça a placa com a metáfora usada por um outro aluno, este de Poço Verde, Marcos Deyvidson: Game over!
Não quero aqui fazer um resumo do livro e distanciar os futuros leitores. Sim, espero que seja publicado. Vou ver se ele deseja enviar para o Clube dos Autores, selo Coqueiro Verde. O romance já começa a chamar atenção pelo título: O Epitáfio. Todos sabem que é a inscrição que usamos nas lápides dos túmulos. Deveria ser assim o epitáfio de Gregório de Matos: “Aqui jaz o Boca do Inferno!”. Já pensou o que escreveríamos no túmulo de Mário Quintana: “Aqui jaz um passarinho!”, ou de Fernando Sabino: “Nasceu homem e morreu menino!”, ou de Álvares de Azevedo: “Foi poeta, sonhou e amou na vida!” ou no túmulo dos maus: “Agradecemos penhoradamente ao vírus ou à bactéria, amém!”.
Tem também a música dos Titãs: Epitáfio. Representa as atitudes que uma pessoa que já morreu gostaria de ter mudado se ainda tivesse a possibilidade de viver novamente: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer”. Aqui vale para todos os que complicam a vida sua e dos outros. Mas não é nada disso que ocorre. Os epitáfios são, na verdade, mentiras ou meias verdades. Eu sei que ninguém é tão ruim que não possa ter qualidades, mas o cemitério, segundo Machado de Assis, é o local onde há a maior quantidade de mentiras da humanidade. Pior é saber que há muitos que morrem e não têm direito a sequer uma cruz, imaginem epitáfio!  
Mas não se enganem pelo título. Natã Santana faz um romance cheio de mobilidade. Há sim uma história central em torno do personagem Luciano Tavares, mas cada capítulo tem ação e resolução. Mal comparando, trata-se da união de um filme dramático com uma narrativa de crítica a costumes, recheado de uma trama policial, sem que o protagonista seja um detetive ou policial. É também uma história de amor, traição e vingança. Imaginem um homem ser rejeitado por uma mulher ou uma mulher ser rejeitada por um homem. E o ódio de ambos! Agora completem o pensamento com um homem sendo rejeitado por outro homem. Vinganças e chifres moderníssimos! E o melhor, o livro está bem escrito num cenário mineiríssimo, com um narrador desprovido de preconceitos. Natã Santana já faz parte do mundo dos escritores. Agora é subir a rampa. Chegar lá no topo vai depender da insistência, da sorte e das oportunidades. O principal ele já tem: talento!