Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Os seis mitos sobre a Independência do Brasil

                                        Hugo Araújo – do UOL
A figura imponente de Dom Pedro 1º em trajes militares, montado em um cavalo alazão e cercado por um grande número de guardas, eternizada no quadro "O brado do Ipiranga", de Pedro Américo, ainda permanece no nosso imaginário quando pensamos no 7 de setembro.
No entanto, a obra, encomendada por Dom Pedro 2º, quando os ideais republicanos já ameaçavam a monarquia brasileira, apresenta uma série de mitos em relação à cena, conforme afirma o jornalista Laurentino Gomes. Segundo ele, a cena real é "bucólica e mais brasileira do que a retratada por Pedro Américo".

O UOL listou alguns mitos e curiosidades deste episódio da história do Brasil. Confira abaixo:

1 O brado do Ipiranga aconteceu exatamente como no quadro de Pedro Américo?

Mito. "Nada daquilo é verdadeiro. O próprio Pedro Américo reconheceu que havia mudado elementos", afirma Laurentino Gomes. Segundo o jornalista, Dom Pedro não estava vestido como um príncipe real e sim como um tropeiro. Ele também não montava um cavalo alazão, como a pintura mostra, e sim um animal de carga, provavelmente uma mula. "A guarda de honra, que faz um semicírculo ao redor de Dom Pedro no quadro, não existia na época", afirma Laurentino.

2 Dom Pedro estava com dor de barriga no momento do grito de independência?

"Segundo uma testemunha da cena [o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro Barão de Pindamonhangaba], Dom Pedro estava com dor de barriga", conta Laurentino. O príncipe-regente provavelmente comeu algum alimento estragado no dia anterior, em Santos, ou bebeu água contaminada das bicas que abasteciam as tropas. O fato é que, neste momento histórico, Dom Pedro estava com disenteria.

3 Professor ganhava menos que um feitor de escravos.

O lucro dos feitores de escravos era maior que o salário dos professores no ano de 1822. "Este dado é muito simbólico porque mostra qual era a situação social que a gente herdava da Coroa portuguesa. O Brasil tinha cerca de quatro milhões de habitantes e mais de 90% deles eram analfabetos. Isso demonstra a completa ausência de prioridade na educação", afirma Laurentino.

4 A independência sempre foi comemorada em 7 de setembro?

Não. Segundo Laurentino, na época, a grande discussão era se a independência do Brasil deveria ser comemorada em 7 de setembro, 12 de outubro (dia da aclamação de Dom Pedro 1º) ou 1º de dezembro (dia da coroação de Dom Pedro 1º).

5 Dom Pedro compôs o Hino da Independência no dia 7 de setembro de 1822?

Mito. "Isso não aconteceu. Você imagina um jovem príncipe cavalgando numa mula, empoeirado, cansado e quando chega a seu destino ainda é capaz de compor um hino de composição elaborada, como o Hino da Independência", afirma Laurentino. Segundo ele, o hino já estava pronto e Dom Pedro já teria partido do Rio de Janeiro com a música que seria executada àquela noite.

6 A independência trouxe profundas mudanças ao Brasil?


Mito. A realidade social do Brasil continua a mesma do período colonial. "A aristocracia rural escravagista decidiu embarcar em um projeto de manter Dom Pedro no trono, manter a monarquia, impedir que o Brasil se tornasse uma república e não abolir a escravidão. A estrutura social se mantém inalterada, nada aconteceu [após a independência]", explica Laurentino.