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domingo, 22 de janeiro de 2012

O talento revivido de Noca do Acordeon


Noca do Acordeon

Se de minha mãe veio a orientação para os estudos, de meu pai veio o gosto pela música, em especial o forró. Meu gosto pela música de Luiz Gonzaga, Gérson Filho, Pedro Sertanejo e Jackson do Pandeiro eu devo aos vários discos de vinil e a uma velha radiola a pilha que meu pai colocava para tocar no início dos anos 1970, no Jardim Marilene, na cidade de Diadema, em São Paulo. Mas um artista havia desaparecido e marcou muito minha infância em São Paulo. O nome dele é Adauto Pereira Mattos, compositor e instrumentista de grande importância na historia da música brasileira. Baiano, nascido em 18 de novembro de 1940 na cidade de Jequié, seu nome artístico: NOCA DO ACORDEON. Filho de um veterano sanfoneiro de 8 baixos, Noca nasceu ouvindo o som do fole e com 12 anos já sabia tocar sanfona. Isto ainda na sua cidade natal, em Jequié, na Bahia. Ganhou de seu pai o primeiro acordeon e dois anos depois se aventurava na estrada rumo a Brasília. Lá se apresentou nas primeiras casas de espetáculo ali instaladas na capital federal que nascia. Tinha então apenas 19 anos.
A alma intranquila de Noca e o desejo de conquistar o sucesso levou-o ao Rio de Janeiro. Lá iniciou sua vida no rádio, tocando seu acordeon caipira na já então famosa Hora Sertaneja do Coronel Narcizinho, na Rádio Mayrink Veiga. A convite de Leonel Cruz - que podemos considerar seu descobridor - participou de um LP, executando 2 faixas e logo se destacou. Veio então o seu 1º LP e o sucesso. Noca que se projetou com "Baião da Saudade" e várias composições de sucesso, incluindo baiões, choros, forrós, boleros, tangos, valsas, dobrados, chorinhos e tantos outros ritmos. Lembro-me de ter ouvido “Brasileirinho” sanfonado com Noca do Acordeon. Fiquei abismado com a agilidade, o desembaraço, a personalidade e traquejo do músico baiano. Era, na verdade, um recital de acordeon, ou uma orquestra de foles comandada por um só homem.
Nos idos dos anos 1970 a 1980, Noca chegou a tocar nos vagões de luxo de trens de passageiro no Ceará. Foi provavelmente nessa época que nasceu a composição “De Fortaleza a Sobral”. Na biografia de Jackson do Pandeiro, consta que Noca começou acompanhando o músico paraibano. Jackson logo percebeu o seu talento extraordinário e o aconselhou: “Um sanfoneiro como você não é para tocar acompanhando ninguém. Você tem que gravar sozinho”. Quando Noca do Acordeon faleceu, em 18 de Julho de 1985, no Rio de Janeiro, ainda no melhor da sua fase produtiva, eu já estava morando em Serrinha, projetando ir para Heliópolis. Vim saber de sua morte bem depois. Agora estou tentando, com a ajuda da internet, recuperar a obra deste extraordinário músico. A música dele não pode cair no esquecimento.
Com a colaboração dos portais acervo origens e enciclopédia do nordeste.