Cantora morreu em 29 de
dezembro de 2001, quando vivia a melhor fase da carreira. Cássia Eller é homenageada com caixa de CDs e
na TV
Pedro Antunes - Jornal da Tarde.
Cássia Eller (Foto: Wilton Junior/AE) |
Eram 18h quando uma multidão
formada por 85 mil pessoas assistiu àquela mulher subir no palco, com uma faixa
no cabelo, acompanhada por seu inseparável violão. O ano era 2001. Cássia
Eller, aos 39 anos, estava no auge. Ela abria a segunda noite da terceira
edição do Rock in Rio com a missão de tocar rock - no dia anterior, Gilberto
Gil, James Taylor e Sting tiveram seu apelo, mas falharam no quesito roqueiro. Meio
travessa, meio ensandecida, a cantora não poupou esforços para fazer valer o
rock que dá nome ao festival. Até os seios mostrou. Fez versões pesadas de
"Partido Alto", de Chico Buarque, a "Come Together", dos
Beatles. Contou com a participação especial da Nação Zumbi, para dar o tempero
brasileiro na festa toda, que, naquela noite, teve também Fernanda Abreu, Barão
Vermelho, Beck, Foo Fighters e R.E.M.
Dez anos depois, o festival
voltou ao Rio. Mas Cássia, não. No fim daquele ano, em 29 de dezembro, há
exatos 10 anos e dois dias antes de se apresentar na virada de ano na Barra da
Tijuca, a carioca não resistiu a um fulminante enfarte do miocárdio - as
suspeitas do uso de cocaína e álcool foram rechaçadas pelos médicos legistas. O
mundo perdia aquela que talvez só fosse uma garotinha crescida. Cássia Eller se
foi quando vivia a melhor fase da carreira. Além do show irrepreensível no Rock
in Rio, em 2001, a cantora lançou o seu mais rentável disco, "Acústico
MTV", que vendeu 1,1 milhão de cópias. Foram 95 apresentações em um ano.
Para lembrar uma década sem
Cássia Eller, a MTV - que, aos poucos, volta a focar no melhor da sua
programação, ou seja, na música - dedicará 24 horas da sua grade a ela. Das 7h
de hoje até 7h de amanhã, serão exibidos o Acústico e o programa Luau MTV,
gravado pouco antes de sua morte e exibido apenas em 2002, além de outros
programas e entrevistas. Tributo maior, no entanto, vem da gravadora Universal,
ao colocar nas lojas o box "O Mundo Completo de Cássia Eller", uma
compilação com seus seis discos de estúdio, de "Cássia Eller", de
1990, ao póstumo "Dez de Dezembro", lançado no ano seguinte à sua
morte. Há também dois discos ao vivo, o Acústico e um DVD, "Violões",
uma reunião de suas aparições em programas da TV Cultura entre 1990 e 1999. É a
melhor maneira de conseguir entender como funcionou a meteórica carreira de
Cássia Eller. Do som cru, uma voz ainda vacilante. Era mais rock, menos
violões. Mais gritos, menos melodias. Ainda assim, logo a cantora chamou a
atenção. O ponto de mudança veio em "Com Você... Meu Mundo Ficaria
Completo", de 1999. Graças ao filho Chicão, que disse que ela mais berrava
do que cantava. Rapidamente, Cássia se tornava pop, suave, sem perder sua
ousadia.