De Coração Vagabundo a Miami Maculelê. As principais canções
de Caetano Veloso eternizadas na voz de Gal Costa.
Por Camila Martins – Revista BRAVO!
Recanto: Gal canta Caetano |
Ela não lançava nada desde 2005, e sofria a pressão da
crítica por ter caído na mesmice e perdido a postura radical que a consagrou.
Ele nunca parou de surpreender de maneira tanto positiva, quanto negativa – no
caso de parcerias dissonantes e com cara de caça níquel – com sua a sede de
participar do novo. Quando Gal Costa e Caetano Veloso se encontram, porém, não
há como esperar algo pequeno ou que passe despercebido pela história da música
brasileira.
Recanto, disco lançado neste mês, é um projeto de Caetano,
das composições à produção, concebido para a voz da parceira. O álbum sai do
lugar comum e usa a investigação da música eletrônica como base, com espaço até
para um "pancadão" dançante, chamado Miami Maculelê, que vem reciclar
e dar novo gás para a carreira de Gal. Acompanhando o lançamento, o Colherada
lista cinco músicas escritas por Caetano e eternizadas pela voz da intérprete,
que mostram o trajeto e a potência dos eternos tropicalistas.
Coração Vagabundo (1967)
Foi a paixão pela Bossa Nova e por João Gilberto que levou
Gal Costa a conhecer Caetano Veloso, apresentados por Dedé Gadelha. Depois de
participações especiais em trabalhos de amigos, em 1967 eles lançam Domingo,
disco de estreia da dupla. Com músicas escritas por Caetano e interpretadas
pelos dois, a influência que os uniu é evidente. Entre as faixas, Coração
Vagabundo é o grande sucesso.
Baby (1968)
A efervescência cultural dos anos 60 e a proposta de mesclar
a tradição brasileira com as referências e inovações vindas de fora, como a
guitarra elétrica, fez do tropicalismo um dos movimentos mais importantes e
inovadores da história da música brasileira. A reunião dos artistas envolvidos
com tais ideias, entre eles Mutantes, Nara Leão, Tom Zé e Gal Costa, liderados
por Cartano e Gil, deu origem ao disco Tropicália ou Panis et Circencis. Nele,
Gal interpreta Baby, canção que mais tarde se consagraria como seu primeiro
grande sucesso solo e parte do disco Gal Costa, de 1969.
Divino Maravilhoso (1968)
No mesmo ano, Gal Costa subiu ao palco da 4ª edição do
Festival da Música Popular Brasileira para interpretar Divino Maravilhoso, de
Caetano e Gil. Com os cabelos curtos e armados, uma bata cheia de pedrarias e
no maior clima psicodélico, ela fez uma apresentação antológica, que revelou os
seus agudos e impulsividade ao cantar.
Como 2 e 2 (1971)
A consagração de Gal Costa com uma das vozes mais potentes
da música brasileira veio com o disco duplo Fa -Tal - Gal a Todo Vapor. O
trabalho é resultado de uma série de apresentações que a cantora realizou no
Rio de Janeiro, com a direção de Waly Salomão e que reuniu no repertório suas
canções mais conhecidas e elogiadas até hoje, como Dê um Rolê, Vapor Barato e
Como 2 e 2, música carregada de emoção composta por Caetano e que também ganhou
reconhecimento na voz de Roberto Carlos.
Vaca Profana (1984)
"Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais a minha
risada. Inscrevo, assim, minhas palavras, na voz de uma mulher sagrada",
com esses versos fortes e imponentes, Caetano Veloso abre Vaca Profana, música
escrita especialmente para Gal e que expõe a sua personalidade forte e sensual,
que a transformou na musa da Tropicália.