17 de outubro foi escolhido por
ser o dia do nascimento da pianista e regente Chiquinha Gonzaga
Chiquinha Gonzaga aos 17 anos |
A presidente Dilma Rousseff
sancionou ontem lei que cria o Dia Nacional da Música Popular Brasileira, em 17
de outubro. A data foi escolhida por ser o dia do nascimento da pianista e
regente Chiquinha Gonzaga (1847-1935), a primeira compositora popular do
Brasil. O texto da lei 12.624 foi publicado ontem no Diário Oficial da União.
A carioca Francisca Edwiges
Neves Gonzaga, a Chiquinha Gonzaga, transitava por vários ritmos (polca, tango,
choro, marcha) e fazia uma ponte entre erudito e popular. É dela a canção Ó
Abre Alas, sucesso eterno nos bailes de carnaval. Também fundou a Sociedade
Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).
Compositora, instrumentista,
regente. Rio de Janeiro, RJ, 17/10/1847– idem, 28/02/1935. Maior personalidade
feminina da história da música popular brasileira e uma das expressões maiores
da luta pelas liberdades no país, promotora da nacionalização musical, primeira
maestrina, autora da primeira canção carnavalesca, primeira pianista de choro,
introdutora da música popular nos salões elegantes, fundadora da primeira
sociedade protetora dos direitos autorais, Chiquinha Gonzaga nasceu no Rio de
Janeiro, filha do militar José Basileu Neves Gonzaga e de Rosa de Lima Maria.
Estudou piano com professor particular e aos 11 anos compôs sua primeira
música, uma cantiga de Natal: Canção dos Pastores.
Aqui com 29 anos, Chiquinha já fazia sucesso |
Casou-se aos 16 anos, com um
oficial da Marinha Mercante escolhido por seus pais. Poucos anos depois
abandonou o marido por um engenheiro de estradas de ferro, de quem também logo
se separou. Passou a sobreviver como professora de piano. A convite do famoso
flautista Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880), passou a integrar o
Choro Carioca como pianista, tocar em festas e frequentar o ambiente artístico
da época. A estreia como compositora se deu em 1877, com a polca Atraente,
composta de improviso durante roda de choro em casa do compositor Henrique
Alves de Mesquita e publicada pela Viúva Canongia, Grande Estabelecimento de
Pianos e Músicas. Por desafiar os padrões familiares da época, sofreu fortes
preconceitos. Aperfeiçoou-se com o pianista português Artur Napoleão
(1843-1925). Sua vontade de musicar para teatro levou-a a escrever partitura
para um libreto de Artur Azevedo, Viagem ao Parnaso. A peça foi recusada pelos
empresários.
Outras tentativas fracassaram,
até que conseguiu, em 1885, musicar a opereta de costumes A Corte na Roça,
encenada no Teatro Príncipe Imperial. Em 1889 promoveu e regeu, no Teatro São
Pedro de Alcântara, um concerto de violões, instrumento estigmatizado àquela
época. Foi uma ativa participante do movimento pela abolição da escravatura,
vendendo suas partituras de porta em porta a fim de angariar fundos para a
Confederação Libertadora. Com o dinheiro arrecadado na venda de suas músicas
comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico. Chiquinha Gonzaga também
participou da campanha republicana e de todas as grandes causas sociais do seu
tempo. Já era uma artista consagrada quando compôs, em 1899, a primeira marcha-
rancho, Ó Abre Alas, verdadeiro hino do carnaval brasileiro.
Chiquinha aos 47 anos |
Na primeira década deste século
esteve algumas vezes na Europa, fixando residência em Lisboa por três anos. De volta
ao Brasil deu uma contribuição decisiva ao teatro popular ao musicar, em 1912,
a burleta de costumes cariocas Forrobodó, seu maior sucesso teatral. Em 1914
seu tango Corta-Jaca foi executado pela primeira- dama do país, Nair de Teffé,
em recepção oficial no Palácio do Catete, causando escândalo político.
Em setembro de 1917, após anos
de campanha, liderou a fundação da SBAT, sociedade pioneira na arrecadação e
proteção dos direitos autorais. Aos 85 anos de idade escreveu a última
partitura, Maria, com libreto de Viriato Corrêa. Sua obra reúne dezenas de
partituras para peças teatrais e centenas de músicas nos mais variados gêneros:
polca, tango brasileiro, valsa, habanera, schottisch, mazurca, modinha etc.
Chiquinha Gonzaga faleceu aos 87 anos de idade, no dia 28 de fevereiro de 1935,
no Rio de Janeiro.
Chiquinha Gonzaga aos 78 anos |
DADOS CRONOLOGIA
1847 Nasce no Rio de janeiro a
17 de outubro.
1863 Casa-se com Jacinto
Ribeiro do Amaral.
1864 Nasce seu primeiro filho:
João Gualberto.
1865 Nasce sua filha Maria.
1866 Embarca com o marido no
navio São Paulo, por este fretado, que transporta tropas para a Guerra do
Paraguai.
1869 É homenageada pelo
compositor Joaquim Antônio Callado com a polca "Querida por todos".
1870 Nasce seu terceiro filho,
Hilário.
1875 Nasce Alice, sua filha com
o engenheiro João Batista de Carvalho. Sofre processo de divórcio movido pelo
marido no Tribunal Eclesiástico.
1877 Primeira obra editada: a
polca Atraente, que em nove meses chega à 15ª edição.
1879 Começa a instrumentar, com
autodidatismo.
1880 Anuncia-se publicamente
como professora de várias matérias.
1883 Tentativa frustrada de
musicar libreto de Arthur Azevedo (a produção teatral não aceita uma mulher
como autora da música).
1885 Estréia como maestrina.
1888 Extinção da escravidão no
Brasil, pela qual durante tantos anos Chiquinha Gonzaga lutara.
1889 - Proclamação da
República, outro anseio da compositora.
1890 Nasce a primeira neta.
1891 Falecimento do pai.
1897 Falecimento de Rosa, sua
mãe.
Aqui já com 85 anos, reconhecida e consagrada. |
1899 Carnaval. Compõe Ó Abre
Alas. Conhece João Batista, jovem português de 16 anos que seria seu
companheiro até o fim da vida.
1902 Viaja para a Europa.
1904 Segunda viagem à Europa.
1906 Instala-se em Portugal.
1909 Retorno ao Brasil.
1911 Inicia intensa atividade
musicando peças teatrais para os espetáculos por sessões dos cine-teatros da
Praça Tiradentes (RJ).
1912 Estréia Forrobodó, seu
maior sucesso teatral.
1913 Deflagra campanha em
defesa pelo direito autoral dos compositores e teatrólogos.
1914 Lançamento, com grande
sucesso, do tango Corta-Jaca.
1917 Participa da fundação da
Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.
1919 Grande éxito da peça de
costumes regionais Juriti.
1925 Recebe homenagens
consagradoras da SBAT e reconhecimento do país inteiro.
1928 Seu filho João Gualberto
morre em São Paulo.
1933 Aos 85 anos, escreve sua
última partitura para teatro: Maria.
1934 Falecimento da filha
Maria.
1935 Morre no dia 28 de
fevereiro. Dois dias depois realiza-se o primeiro concurso oficial das escolas
de samba.
Informações de O Estado de São
Paulo e do portal Chiquinha Gonzaga. As fotos são reproduções do livro
Chiquinha Gonzaga: uma história de vida, de Edinha Diniz, 2001.