Márcia Lobo |
Há certos livros de leitura chata, mesmo que o tema seja
interessante. Concluí leitura do livro de Márcia Lobo (foto) – Uma história
universal da fêmea (editora: Religare, 2005,
223 páginas, 1ª edição). É diversão garantida com conhecimento. Reunindo
curiosidades médicas, históricas e antropológicas sobre o sexo, baseadas em uma
extensa e fundamentada bibliografia, a jornalista Marcia Lobo, que assina há
mais de trinta anos matérias sobre sexo nas principais revistas femininas do
Brasil, usou sua técnica literária para escrever um livro sobre sexo divertido
e nada convencional, que vai desde as inúmeras maneiras de os povos explicarem
a reprodução no correr dos séculos, as perversões mais bizarras, as crenças e
os costumes incríveis, as formas inusitadas de se referir ao sexo e o ato
sexual em várias partes do globo. Não há no livro essa coisa de feminismo
ressentido ou lamento do sexo eternamente oprimido. A mulher aparece também fazendo
das suas, e não são poucas. Ligada ao jornalismo feminino desde que começou na
imprensa (como repórter do Jornal do Brasil, em finais de 1966), a carioca
Marcia Lobo fazia parte da equipe que lançou a revista NOVA, da qual foi
redatora-chefe até o começo de 1991. É casada com o jornalista e escritor Moacir
Japiassu, tem um filho (o também jornalista Daniel Japiassu).
Há relatos no livro que beiram a ficção, mesmo
que se saiba da pura realidade. É o caso
do dr. J.H. Schultz (psiquiatra pioneiro em Berlim), diz ela, "que só conseguia chegar ao orgasmo quando
enfiava o objeto da nossa inveja no cano de descarga de um caminhão". O
livro relata desde o séc. XIX uma mercadoria que o homem negociava que era a
mulher. São fatos do mundo inteiro desde a Índia, em que enfatizava as viúvas
de se atirarem na pira funerária e morrer junto ao seu falecido marido. Os
ingleses faziam trocas de animais por mulheres, caso o mesmo não se satisfizesse.
Não há como descrever tantos casos insólitos que aconteceram neste mundo afora
e o que acontece ainda nos dias de hoje, como por exemplo, na Índia, onde o
nascimento de uma criança do sexo feminino é uma infelicidade para os pais. Quando
tiver na fase adulta, e a mesma pretender se casar, ela terá que entregar dotes
à família do futuro marido, deixando, às vezes, a família da noiva na miséria.
Consequência: muitos abortos quando se descobre
que está à espera de um ser do sexo feminino. Leitura imperdível!