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sábado, 14 de janeiro de 2012

Leitura: Uma história universal da fêmea


Márcia Lobo

     Há certos livros de leitura chata, mesmo que o tema seja interessante. Concluí leitura do livro de Márcia Lobo (foto) – Uma história universal da fêmea (editora: Religare, 2005, 223 páginas, 1ª edição). É diversão garantida com conhecimento. Reunindo curiosidades médicas, históricas e antropológicas sobre o sexo, baseadas em uma extensa e fundamentada bibliografia, a jornalista Marcia Lobo, que assina há mais de trinta anos matérias sobre sexo nas principais revistas femininas do Brasil, usou sua técnica literária para escrever um livro sobre sexo divertido e nada convencional, que vai desde as inúmeras maneiras de os povos explicarem a reprodução no correr dos séculos, as perversões mais bizarras, as crenças e os costumes incríveis, as formas inusitadas de se referir ao sexo e o ato sexual em várias partes do globo. Não há no livro essa coisa de feminismo ressentido ou lamento do sexo eternamente oprimido. A mulher aparece também fazendo das suas, e não são poucas. Ligada ao jornalismo feminino desde que começou na imprensa (como repórter do Jornal do Brasil, em finais de 1966), a carioca Marcia Lobo fazia parte da equipe que lançou a revista NOVA, da qual foi redatora-chefe até o começo de 1991.   É casada com o jornalista e escritor Moacir Japiassu, tem um filho (o também jornalista Daniel Japiassu).  
      Há relatos no livro que beiram a ficção, mesmo que se saiba da pura realidade. É o  caso do dr. J.H. Schultz (psiquiatra pioneiro em Berlim), diz ela, "que só conseguia chegar ao orgasmo quando enfiava o objeto da nossa inveja no cano de descarga de um caminhão". O livro relata desde o séc. XIX uma mercadoria que o homem negociava que era a mulher. São fatos do mundo inteiro desde a Índia, em que enfatizava as viúvas de se atirarem na pira funerária e morrer junto ao seu falecido marido. Os ingleses faziam trocas de animais por mulheres, caso o mesmo não se satisfizesse. Não há como descrever tantos casos insólitos que aconteceram neste mundo afora e o que acontece ainda nos dias de hoje, como por exemplo, na Índia, onde o nascimento de uma criança do sexo feminino é uma infelicidade para os pais. Quando tiver na fase adulta, e a mesma pretender se casar, ela terá que entregar dotes à família do futuro marido, deixando, às vezes, a família da noiva na miséria. Consequência:  muitos abortos quando se descobre que está à espera de um ser do sexo feminino. Leitura imperdível!